Lei polêmica torna produção e comercialização do acarajé patrimônio cultural do Rio de Janeiro, gerando discussões nas redes sociais

A criação de uma lei que torna a produção e a comercialização do acarajé patrimônios de valor histórico e cultural do Estado do Rio de Janeiro está gerando polêmica nas redes sociais. Aprovada pela Assembleia Legislativa do estado, a Lei 10.157/23 foi sancionada pelo governador Claúdio Castro e publicada no Diário Oficial em 25 de outubro.

O acarajé, um bolinho de feijão-fradinho frito em azeite de dendê, é uma especialidade gastronômica africana e afro-brasileira. Seu nome vem da língua iorubá, significando “bola de fogo” e “comer”. Embora seja mais conhecido na Bahia, onde é uma tradição cultural, a lei fluminense está causando revolta entre baianos e moradores do Rio.

Neste domingo, a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (ABAM) defendeu a aprovação da lei em uma nota publicada em seu perfil no Instagram. A associação ressaltou que o acarajé é uma invenção do povo negro africano e está presente em todo o Brasil, tendo grande importância especialmente para a população negra local.

Embora a lei tenha sido comemorada no Rio de Janeiro, na Bahia a situação é diferente. A ABAM ressaltou a necessidade de valorizar o estado baiano e a tradição do preparo do acarajé, sem alterar seu sabor e defendendo o ofício das baianas de acarajé. A associação espera que os deputados da Bahia também aprovem uma lei semelhante para proteger a iguaria no estado.

Nas redes sociais, a discussão em torno da aprovação da lei está acirrada. Muitos internautas acreditam que a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro não deveria ter tratado desse assunto, já que existem problemas mais sérios a serem enfrentados. A deputada Renata Souza, autora do projeto de lei, recebeu críticas por sua defesa do projeto, principalmente após publicar uma foto comendo acarajé em uma barraquinha em São João de Meriti.

É importante ressaltar que a proteção do acarajé na Bahia ainda está em discussão e a ABAM espera o apoio dos deputados baianos para proteger a tradição local. A associação também destaca que o ofício das baianas de acarajé só foi reconhecido nacionalmente em 2005 e estadualmente em 2012, e ressalta a importância de preservar o sabor e o modo de preparo original da iguaria.

A aprovação da lei no Rio de Janeiro levanta questões sobre a apropriação cultural e a necessidade de preservação das tradições gastronômicas ancestrais. Embora seja importante valorizar o acarajé em todas as partes do mundo, a expectativa da ABAM é que a Bahia seja a primeira a abraçar essa causa e proteger essa importante iguaria em seu estado.

A discussão em torno dessa lei está longe de acabar, e cabe aos parlamentares e legisladores decidirem sobre a importância de preservar as tradições culturais do Brasil. O acarajé, além de ser uma deliciosa iguaria, é parte do patrimônio histórico e cultural do país, e merece ser valorizado e protegido em todas as regiões onde está presente.

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