Giro à esquerda na Colômbia perde força e país dá sinais de voltar ao status quo de centro-direita

Nas eleições regionais de 2019 e nas presidenciais de 2022, a Colômbia testemunhou uma mudança política significativa, com um movimento em direção à esquerda em um país que há décadas era dominado por partidos de centro-direita e, mais recentemente, pela direita liderada pelo ex-presidente Álvaro Uribe. No entanto, o que parecia uma onda de mudanças históricas está se transformando em uma marola.

O resultado das eleições regionais do último domingo foi um claro indicador de que muitos eleitores colombianos decidiram fazer um giro à direita. A coalizão governista sofreu uma grande derrota nas principais cidades do país, confirmando o rápido desgaste dos governos na América Latina. A derrota de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda na história do país, é especialmente amarga devido às altas expectativas que sua eleição despertou.

Em pouco mais de um ano, Petro conseguiu aprovar apenas uma reforma tributária considerada insuficiente por muitos. A lista de promessas não cumpridas, que agora será ainda mais difícil de ser concretizada, inclui reformas na área da saúde, educação, previdência e normas trabalhistas. Como afirma o historiador Gonzálo Sánches, da Universidade Nacional, “o governo de Petro já é percebido como uma oportunidade perdida”.

A centro-direita e a direita conquistaram vitórias importantes em cidades como Medellín, Cali e Bogotá. Carlos Fernando Galán, filho do ex-candidato presidencial Luis Carlos Galán, assassinado em 1989 pelo narcotráfico, foi eleito prefeito da capital. Galán, que já foi secretário de Transparência do governo de Juan Manuel Santos, lidera o Novo Liberalismo, partido de centro-direita herdeiro do legado político de seu pai. Segurança e ordem foram as principais bandeiras de sua campanha, em uma cidade que já foi governada pelo próprio Petro e que enfrenta um aumento expressivo da violência. Há quatro anos, os habitantes de Bogotá elegeram Claudia López, do partido Aliança Verde, que faz parte do Pacto Histórico liderado por Petro.

A direita colombiana acordou em festa na última segunda-feira, segundo Dario Montoya, ex-embaixador do país no Brasil. Para Montoya, que tem ligações com o ex-presidente Uribe, a Colômbia deu uma guinada de volta ao status quo do qual nunca deveria ter saído e agora tem melhores chances para as eleições presidenciais de 2026.

A derrota eleitoral do Pacto Histórico de Petro é considerada um fracasso por María Jimena Duzán, jornalista e criadora de um dos podcasts mais populares do país. Segundo ela, o movimento, que tinha como bandeira a esperança, falhou em suas promessas.

Em resumo, as eleições regionais na Colômbia representaram um revés para a esquerda, que havia conquistado espaço nos últimos anos. O descontentamento dos eleitores com a falta de cumprimento das promessas de Petro, aliado ao desejo por segurança e ordem, levou a uma guinada à direita. Resta agora saber como essas mudanças políticas irão impactar os rumos do país nas próximas eleições presidenciais.

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