Representante do Brasil na ONU critica demora do Conselho de Segurança em aprovar resolução sobre conflito entre Israel e Hamas

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, representante do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, demonstrou sua insatisfação com a demora do órgão em aprovar uma resolução sobre o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas. Durante uma reunião realizada nesta segunda-feira (30), Vieira criticou alguns países que, em sua opinião, estão utilizando o Conselho para atingir objetivos pessoais em vez de proteger os civis do Oriente Médio.

Ele expressou sua indignação sobre a falta de consenso entre os membros do Conselho, que resulta em um impasse há semanas. “Desde o dia 7 de outubro, nos reunimos várias vezes e votamos quatro propostas de resolução. No entanto, continuamos com um impasse, devido a um desentendimento interno, particularmente entre membros permanentes e graças ao persistente uso do conselho para atingir seus próprios propósitos em vez de colocar a proteção de civis acima de tudo”, afirmou.

O Brasil havia presidido o Conselho de Segurança durante o mês de outubro e tentou angariar apoio para a aprovação de uma resolução ao longo dos últimos dias, ouvindo diversos países. No entanto, em uma votação realizada no dia 18, os Estados Unidos, um dos países-membros, vetaram o texto proposto pelo Brasil.

O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) e membros rotativos. Para que uma resolução seja aprovada, são necessários nove votos a favor, sem nenhum veto dos membros permanentes. Além da proposta brasileira, os Estados Unidos apresentaram sua própria versão de resolução, que foi vetada pela Rússia. Por sua vez, duas propostas da Rússia foram vetadas pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.

As repetidas tentativas fracassadas de estabelecer uma posição comum reforçaram as críticas de Vieira. Ele defendeu a necessidade de priorizar as vidas dos civis na região e colocar um fim nas hostilidades. O chanceler brasileiro também destacou a contagem crescente de mortes, incluindo crianças, desde que as reuniões do Conselho começaram. Ele apontou o Hamas como o responsável por reacender a crise com suas “ações terroristas”.

O discurso de Vieira chamou a atenção para as divergências dentro do Conselho, principalmente entre Estados Unidos e Rússia. Enquanto os norte-americanos, com apoio do Reino Unido, exigem uma resolução que garanta a Israel o direito de responder aos ataques sofridos, a Rússia propõe um cessar-fogo sem mencionar o Hamas. Como ambos têm poder de veto, suas posições são conflitantes e acabam dificultando a aprovação de uma resolução.

Vieira concluiu seu discurso fazendo um apelo para que o Conselho de Segurança tome uma atitude em defesa dos civis e contra as hostilidades. Ele questionou quantas vidas mais serão perdidas antes de o órgão passar da retórica para a ação. A esperança é que, mesmo com as diferenças entre os países-membros, seja possível alcançar um consenso e contribuir para o fim do sofrimento na região.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo