Supremo Tribunal da Venezuela suspende processo de primárias da oposição após alegações de fraude por parte do regime de Maduro.

O Supremo Tribunal da Venezuela, alinhado com o chavismo, anunciou nesta segunda-feira (30) a suspensão de todos os efeitos do processo das primárias da oposição, realizadas na semana passada. A decisão aconteceu em meio a alegações de fraude por parte do regime do presidente Nicolás Maduro.

De acordo com a sentença do tribunal, todos os efeitos das diferentes fases do processo eleitoral estão suspensos. Isso inclui a candidatura de María Corina Machado, da ala mais radical da oposição, que venceu as primárias com uma ampla margem de votos. No entanto, Machado está inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos, o que em teoria a impediria de registrar sua candidatura.

No pleito, Machado recebeu 93% dos votos contabilizados até o momento, com 26% das urnas apuradas. Seu rival mais próximo, Carlos Prosperi, denunciou irregularidades no processo e recebeu apenas 4,75% dos votos.

As primárias foram realizadas com a participação de 21 milhões de venezuelanos registrados, dentro e fora do país. Além de Machado, os eleitores tinham outros nove candidatos para escolher.

Embora tenha vencido as primárias, Machado está impedida pelo regime de Maduro de participar do pleito do ano que vem. No entanto, um acordo firmado com parte da oposição na semana passada fixou a data das eleições presidenciais e prevê a presença de observadores internacionais, como a União Europeia. O acordo também prevê a atualização do registro eleitoral, incluindo os mais de 6 milhões de venezuelanos que vivem fora do país. No entanto, Machado rejeitou o acordo.

Diante da impossibilidade de participar da eleição, Machado tem duas possibilidades: tentar o levantamento de sua inabilitação, o que é improvável, ou se tornar uma figura “uma grande eleitora”, capaz de influenciar a nomeação de um possível substituto. A oposição, no entanto, não chegou a um acordo sobre uma substituição.

As primárias foram organizadas pela própria oposição depois de meses de evasivas por parte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O atraso do CNE em dar uma definição provocou problemas logísticos, e a votação foi manual em vez do sistema eletrônico das eleições nacionais.

A situação atual mostra uma oposição cada vez mais dividida, especialmente após a experiência fracassada do governo paralelo liderado por Juan Guaidó. María Corina Machado tem sido uma figura combativa e crítica tanto ao regime quanto à oposição tradicional. Sua inabilitação política foi prorrogada para 15 anos em junho deste ano.

Apesar das dificuldades, Machado tem atraído eleitores, especialmente em bairros mais pobres que eram redutos chavistas. Agora, resta saber qual será o desdobramento político dessa situação e se haverá uma solução para a participação de Machado nas eleições do próximo ano.

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