Tribunal em Denver realiza inédito julgamento para determinar elegibilidade do provável candidato presidencial de grande partido.

Um julgamento histórico está prestes a começar nos Estados Unidos. Pela primeira vez na história do país, um tribunal em Denver sediará um processo para determinar se um possível candidato presidencial de um grande partido é elegível para ocupar o cargo de presidente. O caso foi movido por seis eleitores do Colorado, com a ajuda do grupo de vigilância Cidadãos pela Responsabilidade e Ética em Washington.

Os demandantes argumentam que o ex-presidente Donald Trump é inelegível para ocupar novamente a Presidência, de acordo com a Seção 3 da 14ª Emenda da Constituição. Essa seção desqualifica qualquer pessoa que tenha se envolvido em insurreição ou rebelião contra a Constituição após prestar juramento de apoiá-la. Os esforços de Trump para anular a eleição de 2020, incluindo suas ações antes e durante a invasão do Capitólio por seus apoiadores, são considerados pelos demandantes como uma violação dos critérios de desqualificação.

A juíza do tribunal distrital estadual, Sarah Wallace, que preside o caso, rejeitou os pedidos de Trump e do Comitê Central do Estado Republicano do Colorado para encerrar o caso sem julgamento. A juíza delineou nove tópicos a serem abordados no julgamento, que durará toda a semana. Entre esses tópicos estão a aplicabilidade da Seção 3 da 14ª Emenda aos presidentes, o significado de “comprometido” e “insurreição” nesse contexto, se as ações de Trump se enquadram nessas definições e se a emenda é autoexecutável.

Essas questões têm sido amplamente debatidas desde o ataque ao Capitólio em janeiro deste ano. A 14ª Emenda foi ratificada após a Guerra Civil e a cláusula de desqualificação foi originalmente aplicada a pessoas que lutaram pela Confederação. A aplicação moderna dessa cláusula ainda é pouco discutida nos tribunais, principalmente em casos de magnitude tão significativa como este.

Diversos especialistas constitucionais têm opiniões divergentes sobre a aplicabilidade da cláusula a Trump. Alguns defendem que ela se aplica, enquanto outros afirmam que as questões são complicadas. O julgamento também discutirá a Seção 3 da 20ª Emenda, que trata do que acontece quando um presidente e vice-presidente eleitos não são considerados “qualificados” no momento da posse.

Os advogados de Trump insistem que apenas o Congresso pode impor qualificações constitucionais para a Presidência. Porém, os advogados dos demandantes rejeitaram esse argumento, alegando que a emenda se refere apenas a uma pessoa que já foi eleita e não tem relação com a capacidade dos estados de julgar as qualificações dos candidatos.

Além desse caso no Colorado, outros esforços estão sendo realizados em todo o país para remover Trump das urnas com base na 14ª Emenda. Na próxima semana, um caso similar será analisado em Minnesota, e ações judiciais também foram movidas em New Hampshire e Michigan. Independentemente dos vereditos desses casos, é quase certo que o lado perdedor apelará, e o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, cuja maioria é conservadora, provavelmente terá a palavra final.

Esse julgamento marcará um precedente importante na história política dos Estados Unidos e trará consigo implicações significativas para futuras eleições presidenciais. O resultado poderá definir os limites legais para a elegibilidade de candidatos à presidência e trazer uma nova perspectiva sobre a interpretação da Constituição nesse sentido.

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