A visita do rei Charles e da rainha Camilla ao Quênia foi apresentada como uma oportunidade de fortalecer os laços entre Londres e Nairóbi. No entanto, o Palácio de Buckingham sabia que o monarca teria que abordar as questões históricas relacionadas ao período de domínio colonial. Foi a primeira vez que o rei Charles, de 74 anos, visitou um país da Commonwealth, a Comunidade das Nações Britânicas.
Durante a visita, o rei e a rainha fizeram uma visita simbólica aos “Jardins da Liberdade” em Nairobi, onde o rei depositou uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido. Essa foi uma forma de reconhecer o papel do Quênia na luta pela independência e marcou a substituição da bandeira britânica pela bandeira queniana em 1963.
Em seu discurso, o rei expressou a esperança de conhecer pessoas cujas vidas foram gravemente afetadas pela violência colonial. Durante a revolta Mau Mau, que ocorreu entre 1952 e 1960, mais de 10.000 pessoas morreram. O rei reconheceu que os atos ruinosos do passado são responsáveis pela maior dor e arrependimento.
No entanto, apesar das expectativas, o rei Charles III não apresentou desculpas públicas incondicionais pelas atrocidades cometidas durante o período colonial. A ONG Comissão dos Direitos Humanos do Quênia (KHRC) pediu que o rei fizesse um pedido público de desculpas pelo tratamento brutal e desumano infligido aos quenianos durante o domínio britânico.
Apesar disso, o presidente do Quênia, William Ruto, elogiou a disposição do rei Charles em enfrentar as verdades inconvenientes da história colonial. Ele acreditava que isso poderia ser um primeiro passo para alcançar progresso e deixar para trás as medidas adotadas nos últimos anos.
Várias ex-potências coloniais, como a Bélgica, os Países Baixos e a Itália, já manifestaram desculpas pelos abusos cometidos durante o período colonial. No entanto, o debate sobre o passado colonial do Reino Unido tem enfraquecido a Commonwealth e gerado críticas cada vez mais intensas.
A visita do rei Carlos III ao Quênia teve como objetivo fortalecer os laços entre os dois países. O casal real terá encontros com empresários, jovens e também visitará um novo museu dedicado à história do Quênia.