Mãe vive pesadelo à espera de notícias das filhas sequestradas em Gaza: “Eu as vejo mortas, feridas”

Os terríveis e angustiantes acontecimentos vividos por Maayan Zin representam um verdadeiro pesadelo para esta mãe desesperada. Ela aguarda ansiosamente por notícias de suas duas filhas, que possivelmente foram capturadas como reféns em Gaza. Os conteúdos encontrados no celular de Maayan são tanto um lembrete do que ela está enfrentando como uma fonte de esperança, a última que lhe resta.

Maayan Zin, de 52 anos, abre o aplicativo de mensagens Whatsapp e se depara com uma foto de sua filha Dafna, sentada de pijama sobre um colchão em Gaza, com a legenda “em roupa de oração seria melhor”. Essa imagem foi enviada por seus sequestradores, os militantes do grupo islâmico Hamas.

A mãe relata à AFP que “digo a mim mesma que não é possível”. Ela não teve notícias de suas filhas desde que recebeu essa única prova de vida, em 8 de outubro, um dia após o ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense.

Dois dias antes do sequestro, suas filhas haviam retornado de férias na Turquia. Maayan as encontrou no aeroporto antes que voltassem para a casa de seu pai, Noam, em Nahal Oz, um kibutz próximo à Faixa de Gaza.

Maayan, ao receber as primeiras sirenes de alarme na manhã fatídica, enviou uma mensagem para seu marido. Ele a tranquilizou, mas essa foi a última comunicação do grupo familiar.

O horror que Maayan vivenciou foi documentado em um vídeo transmitido ao vivo pela esposa de Noam em sua conta do Facebook. Duas figuras encapuzadas, com uma faixa verde do Hamas, são vistas filmando a casa da família. O pai está ensanguentado e Ela, com os olhos cheios de medo, está de joelhos.

Os parentes tentaram se comunicar através do chat do Facebook. A última mensagem registrada foi de um dos filhos de Dikla, que não estava em casa, dizendo: “Mãe, te amo”.

Tomer, de 17 anos, que estava presente durante o ataque, foi ameaçado com uma arma e coagido a ir de porta em porta no kibutz, chamando os vizinhos para que se protegessem. Ele também foi forçado a acorrentar os moradores em suas próprias casas.

Os corpos de Tomer, Dikla e Noam foram encontrados com múltiplos ferimentos à bala em um terreno baldio. Dafna e Ela, porém, foram poupadas e levadas para Gaza.

No dia 7 de outubro, centenas de militantes do Hamas invadiram o território israelense a partir de Gaza, especialmente nos kibutzim, onde cometeram o ataque mais mortal desde a criação do Estado de Israel, em 1948.

Mais de 1.400 pessoas morreram nesse ataque, a maioria civis. O Hamas mantém pelo menos 240 reféns, de acordo com as autoridades israelenses.

Maayan Zin vive em tormento constante, imaginando as possíveis situações pelas quais suas filhas estão passando. Ela teme que elas estejam sendo estupradas ou maltratadas, mas também encontra algum consolo na esperança de que, devido ao grande número de crianças em Gaza, suas filhas possam estar sendo tratadas pelo menos de forma adequada.

Sentindo-se impotente, Maayan vê suas filhas em sua imaginação, presas em túneis, casas sem luz ou se escondendo em hospitais para evitar serem bombardeadas. Ela as vê mortas e feridas.

A cada manhã, Maayan verifica fervorosamente suas mensagens no Facebook, Telegram e Whatsapp, buscando por um novo vídeo de Gaza ou uma mensagem dos sequestradores. Ela sofre de ondas de calor múltiplas vezes ao dia, mas tenta controlar a ansiedade para não ceder ao colapso, pois sabe que, se suas filhas voltarem, ela será a única capaz de dar a elas o resto do amor que lhes resta.

No entanto, mesmo com essa esperança, Maayan teme que esteja pagando um preço muito alto. Ela se questiona se suas filhas estão mortas ou se eles têm 230 corpos lá. O tempo que levará para trazê-las de volta é incerto, assim como o estado em que estarão quando voltarem.

Entre os possíveis cenários, Maayan se questiona como será capaz de abraçar as duas filhas ao mesmo tempo, e deseja comprar uma cama grande para que possam dormir juntas. A situação de ter seus filhos como reféns em Gaza é um verdadeiro montanha-russa emocional para ela. Ela só poderá sonhar quando acordar desse pesadelo.

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