Mulheres negras dominam o pódio no Mundial de Ginástica Artística e se tornam referências no esporte

No Mundial de Ginástica Artística, realizado na Antuérpia, na Bélgica, um momento histórico foi registrado. Pela primeira vez na modalidade, o pódio do individual geral foi totalmente composto por mulheres negras. A norte-americana Simone Biles conquistou o ouro, seguida pela brasileira Rebeca Andrade, que ficou com a prata, e pela atleta dos Estados Unidos, Shilese Jones, que levou o bronze. Essa imagem representa muito mais do que uma simples vitória esportiva. Ela mostra o crescimento e a evolução das mulheres negras na ginástica, que estão se tornando referências para crianças, adolescentes, mulheres e homens pretos.

Rebeca Andrade, em entrevista após a competição, ressaltou a importância desse pódio formado somente por mulheres negras. Para ela, é uma demonstração de representatividade e inspiração para diversas pessoas. A ginasta brasileira relembrou a importância de Daiane dos Santos em sua trajetória, já que era uma das poucas atletas com quem ela conseguia se identificar. Agora, Rebeca se vê como uma referência e está feliz em compartilhar esse momento especial com suas colegas de pódio.

Thales Vieira, cientista social e co-diretor-executivo do Observatório da Branquitude, destaca a resiliência das ginastas negras que, apesar do racismo, brilham e se destacam em suas carreiras. Segundo ele, Rebeca já é considerada a maior ginasta brasileira, enquanto Simone Biles é considerada a maior de todos os tempos. Essas imagens de um pódio formado somente por mulheres negras quebram os estereótipos preconceituosos e provam que pessoas negras podem alcançar a excelência em qualquer área em que se proponham a atuar.

No contexto das conquistas olímpicas, Simone Biles já é a nona atleta da história da ginástica com mais medalhas em Jogos Olímpicos. Já Rebeca Andrade, que conquistou duas medalhas até o momento, ainda tem a oportunidade de alcançar uma posição de destaque nesse ranking. Ambas as ginastas são exemplos de uma nova geração de atletas negras que influenciam e inspiram as futuras gerações, mostrando o orgulho de suas origens e a importância de se amarem e se valorizarem como são.

Apesar do avanço representado por eventos esportivos como o Pan-Americano, onde o protagonismo de atletas negras é maior, Thales Vieira destaca a necessidade de um compromisso verdadeiro de confederações, organizações internacionais, atletas brancos e não brancos, juízes, imprensa e público para combater o racismo no esporte. Apenas discursos prontos e acordos comerciais não são suficientes. É necessário um comprometimento real para que se possa alcançar a igualdade e o respeito no esporte, conforme conclui o cientista social.

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