Musicoterapia: como a música ajuda a melhorar a saúde mental e emocional

A terapia através da música tem sido cada vez mais utilizada como uma forma de lidar com diferentes condições médicas, incluindo estresse, dor crônica, mobilidade limitada e hipertensão. O campo da musicoterapia cresceu significativamente na última década, com pesquisas científicas explorando os efeitos da música na saúde e bem-estar, especialmente na saúde mental.

Um exemplo dessa prática é o Centro Louis Armstrong de Música e Medicina, localizado no Monte Sinai Beth Israel em Manhattan, EUA. O espaço é decorado como uma sala de estar de um músico, com partituras em exibição e estantes de madeira abrigando diferentes instrumentos. É nesse ambiente que Isobell, de 17 anos, se senta com seu violão para iniciar uma sessão de terapia com sua terapeuta, Caitlin Bell, que a acompanha ao piano.

Isobell começou a fazer musicoterapia após uma tentativa mal sucedida de tratamento para ansiedade com medicamentos. Desde então, ela tem viajado semanalmente para o hospital, mesmo com sua agitada agenda como estudante do último ano de uma escola seletiva de Nova York. Ela afirma que a música a ajuda a liberar emoções difíceis de descrever e a se tornar mais compreensiva consigo mesma.

Pesquisas científicas apoiam a eficácia da musicoterapia na melhora da saúde mental. Estudos mostram que adicionar musicoterapia ao tratamento regular de pacientes com depressão pode melhorar os sintomas depressivos em comparação ao tratamento padrão sozinho. Além disso, a musicoterapia também pode diminuir os níveis de ansiedade e melhorar o funcionamento diário em pessoas com depressão.

Os benefícios da música na saúde mental podem ser atribuídos ao envolvimento de múltiplas regiões do cérebro, como o sistema límbico, responsável pelo processamento de emoções e memórias. A música também está ligada a evocação de memórias autobiográficas, despertando detalhes vívidos em relação a imagens. A música pode também impactar os níveis de cortisol, hormônio liberado pelo corpo em momentos de estresse, e até mesmo produzir dopamina, neurotransmissor relacionado aos centros de recompensa do cérebro.

Um fator chave da musicoterapia é a sua interatividade, permitindo a autoexpressão individualmente ou em grupo. Kenneth Aigen, diretor de musicoterapia da Universidade de Nova York, afirma que a música é capaz de unir seres humanos de forma única e transformadora. Ele deseja que seus clientes descubram o poder de se comunicar e colaborar com outras pessoas por meio da música.

Para Kerry Devlin, musicoterapeuta sênior do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, a musicoterapia pode proporcionar aos pacientes uma sensação de autonomia e humanidade em momentos difíceis. Ela utiliza instrumentos musicais para conectar-se com os pacientes e suas famílias, criando uma experiência única que os ajuda a se reconectar com suas emoções e sua própria humanidade.

A musicoterapia tem raízes antigas, mas só se tornou uma profissão organizada no século XX. Atualmente, existem cerca de 10 mil provedores certificados em musicoterapia. Um equívoco comum sobre essa forma de terapia é que é necessário ter habilidades musicais para participar, o que não é verdade. Os pacientes podem optar por criar música ou até mesmo apenas ouvir. O objetivo principal é utilizar técnicas terapêuticas para ajudar os pacientes a atingir seus objetivos, expressar suas emoções e compartilhar sua criatividade.

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