Infectados por fungo em mutirão de cirurgias de catarata, casos no Amapá alertam para necessidade de respeito às normas sanitárias.

Após a infecção de 104 pacientes por um fungo durante um mutirão de cirurgias de catarata no Amapá, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa emitiram um alerta sobre a necessidade de respeitar rigorosamente as normas sanitárias e os padrões de qualidade dos serviços de saúde. Em uma nota divulgada à população, as entidades expressaram preocupação com a eficácia e a segurança dos procedimentos oftalmológicos invasivos.

Segundo o Conselho e a Associação, a realização de atendimentos em grande volume ou mutirões tem se tornado uma solução adotada por gestores de saúde para lidar com a demanda represada. No entanto, essa prática levanta preocupações sobre a eficácia e a segurança dos procedimentos oftalmológicos invasivos. Portanto, eles recomendam que os atendimentos oftalmológicos em regime de mutirão sejam preferencialmente realizados em estabelecimentos com histórico de sucesso na prestação desse tipo de serviço na região afetada.

Essas entidades também afirmam que o modelo assistencial de mutirão só deve ser oferecido por equipes e empresas de outros estados após a comprovação documentada da incapacidade ou falta de interesse das unidades oftalmológicas locais em atender à demanda nas mesmas condições contratuais. Além disso, ressaltam que os procedimentos clínicos e cirúrgicos devem ser realizados apenas por médicos especialistas em oftalmologia e que a vigilância sanitária dos estados e municípios precisa monitorar rigorosamente as atividades para garantir o cumprimento de todas as exigências técnicas e operacionais.

Outra recomendação das entidades é que a equipe responsável acompanhe os pacientes por até 30 dias após os procedimentos cirúrgicos, sendo obrigatória a comunicação imediata à vigilância sanitária em caso de eventos adversos, como infecções. Caso ocorra uma infecção, o mutirão deve ser interrompido até que a causa seja apurada e medidas para evitar novas ocorrências sejam tomadas. É importante ressaltar que os eventos adversos relacionados a mutirões devem ser comunicados compulsoriamente por oftalmologistas nos seis meses seguintes à realização dos procedimentos.

As entidades destacam que a adoção dessas medidas é fundamental para evitar casos como os registrados recentemente no Amapá e em outros estados. O fungo Fusarium foi responsável por infectar 104 pacientes que participaram de um mutirão de cirurgias de catarata no início de setembro. Alguns pacientes relataram ter ficado cegos após o procedimento. O mutirão fazia parte do Programa Mais Visão, que é executado por uma empresa contratada por meio de convênio entre o estado e os Capuchinhos. O programa foi suspenso após os primeiros relatos de infecção.

É importante ressaltar a importância de seguir as normas sanitárias e os padrões de qualidade na área da saúde, garantindo a segurança e o bem-estar dos pacientes. A realização de mutirões deve ser cuidadosamente planejada e executada por profissionais capacitados, em estabelecimentos adequados e com supervisão constante das autoridades de saúde. É fundamental aprender com os eventos adversos e buscar melhorias contínuas nos procedimentos médicos para evitar que situações como essa voltem a ocorrer.

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