Repórter Recife – PE – Brasil

Marinha inicia nova missão de GLO no Rio de Janeiro com foco no combate ao tráfico de armas e drogas

O comandante da Área de Operações da Marinha, vice-almirante Renato Rangel Ferreira, concedeu uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (6) para apresentar a nova missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que está sendo realizada no Rio de Janeiro. De acordo com o vice-almirante, essa operação é diferente de todas as outras já realizadas anteriormente.

A missão, que ficará ativa até o dia 3 de maio de 2024, conta com a mobilização de 1,9 mil militares e diversos equipamentos, como navios-patrulha, embarcações e viaturas blindadas. Segundo Ferreira, essa GLO tem um foco especial no mar e nos portos, com o objetivo principal de apoiar ações de combate ao tráfico de armas, drogas e outros tipos de crimes.

A abrangência da missão está delimitada pelo Decreto 11.765, assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva na última quinta-feira (1º). Os militares poderão atuar com viés preventivo e repressivo nos portos do Rio de Janeiro, de Itaguaí (RJ) e de Santos (SP), bem como nos aeroportos internacionais de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ).

A necessidade de decretar essa GLO surgiu após episódios marcantes envolvendo a segurança pública no Rio de Janeiro. Recentemente, operações das polícias civil e militar tiveram como alvo lideranças do Comando Vermelho, facção de traficantes responsável pela execução de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca. Além disso, armas furtadas do Exército em Barueri (SP) foram encontradas na capital fluminense e houve uma onda de incêndios em ônibus e um trem na zona oeste da cidade após a morte de um miliciano durante confronto com policiais.

A atuação da Marinha dentro da missão de GLO se dá por meio da operação Lais de Guia, que consiste na patrulha nos portos do Rio de Janeiro, de Itaguaí e de Santos. No entanto, o vice-almirante esclareceu que a patrulha na Baía de Guanabara não alcançará a costa do Complexo da Maré, uma das principais áreas de atuação do Comando Vermelho. Mesmo assim, ele ressalta que eventuais movimentações de criminosos serão detectadas.

Renato Rangel Ferreira também falou sobre a decisão de incluir o Porto de Santos na missão e não o Porto de Paranaguá (PR). Segundo ele, existe uma interligação entre o crime organizado que atua nos dois portos, já que boa parte do comércio marítimo passa pelo Porto do Rio de Janeiro.

As Garantias da Lei e da Ordem são previstas na Constituição Federal e permitem que as Forças Armadas atuem com poder de polícia em área previamente definida. No entanto, cabe ao presidente da República decretá-las em situações graves de perturbação da ordem. Desde 1992, já foram realizadas 145 missões de GLO no país, com foco principalmente na segurança pública durante greves de policiais militares, grandes eventos e processos eleitorais.

É importante ressaltar que a nova missão de GLO no Rio de Janeiro não interfere na atuação das forças de segurança estaduais, já que está limitada a áreas específicas de controle federal. Para coordenar as ações de segurança, foi criado um comitê composto pelos ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Mucio.

Na entrevista, Renato Rangel Ferreira destacou a importância da articulação entre a Marinha e os demais atores que têm participação nos portos do Rio de Janeiro, de Itaguaí e de Santos. Representantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Agência Nacional de Transportes Aquaviários e Receita Federal estiveram presentes na coletiva e iniciaram o processo de articulação das ações.

No primeiro dia da operação, os principais portões dos portos do Rio, de Itaguaí e de Santos já foram ocupados pelos militares. Segundo o vice-almirante, eles já estão operando e fazendo vasculhamentos e inspeções.

Com essa nova missão, espera-se que haja um reforço significativo na segurança dos portos e aeroportos, coibindo qualquer tipo de ilícito que possa ocorrer nesses locais. A atuação da Marinha, juntamente com as demais forças de segurança, é fundamental para combater o crime organizado e garantir a paz e a ordem no Rio de Janeiro.

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