Invasão do peixe-leão na costa brasileira e possíveis soluções para os impactos socioeconômicos e ambientais, revela estudo da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura

Um estudo recente apresentado pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) revelou as ameaças socioeconômicas e ambientais causadas pela invasão da costa brasileira pelo peixe-leão – Pterois volitans/miles, originário do Indo-Pacífico. De acordo com a pesquisa, a espécie foi encontrada pela primeira vez no Brasil em 2014, em um episódio isolado, mas desde 2020 os registros passaram a ser recorrentes, com ocorrência em oito estados.

O estudo, liderado pelo especialista ambiental Geovane Oliveira, apontou que o peixe-leão representa uma ameaça ambiental e socioeconômica devido à ausência de predadores naturais nas águas do litoral brasileiro, sua adaptabilidade, alto potencial reprodutivo, natureza carnívora voraz e característica venenosa. A espécie se reproduz livremente e, ao se alimentar, reduz os estoques de espécies nativas, afetando diretamente os pescadores artesanais.

Em uma cerimônia realizada em Brasília, o estudo foi entregue ao Ministério da Pesca e Aquicultura, onde foram apresentadas possíveis soluções para o problema. De acordo com Geovane Oliveira, países como Estados Unidos e regiões do Caribe tentaram erradicar o peixe-leão, sem sucesso. Portanto, a comunidade científica reconhece a necessidade de manter o controle por meio da captura como única solução para reduzir seu impacto.

O documento entregue ao ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, sugere a adoção de uma política pública com atuação em quatro frentes: captura e extração do peixe-leão, pesquisa e monitoramento, plano de comunicação e educação ambiental. As ações têm como objetivo engajar pescadores artesanais e populações locais na captura da espécie e futura inserção do peixe-leão em uma cadeia produtiva, além de prevenir acidentes com os espinhos do peixe, que liberam toxinas venenosas.

Abraão Lincoln, presidente da CBPA, ressaltou que esse modelo de atuação já foi adotado em outras situações de invasores pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O ministro André de Paula destacou a importância da pesquisa como subsídio para a elaboração de políticas públicas e afirmou que a parceria com a CBPA é muito importante e desejada.

A pesquisa forneceu um diagnóstico da situação e sugestões de ações que podem ser desenvolvidas conjuntamente e também viabilizará uma ampla campanha de divulgação e conscientização dos pescadores e banhistas. Com base nesses dados, o Ministério da Pesca e Aquicultura poderá trabalhar na implementação de medidas efetivas para lidar com a invasão do peixe-leão na costa brasileira.

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