No entanto, apesar do crescimento no uso, a maior parte dos medicamentos à base de cannabis ainda é importada, com 51% do mercado sendo dominado por essas importações. De acordo com a Kaya Mind, empresa brasileira especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, do cânhamo e de seus periféricos, o mercado de cannabis medicinal no Brasil tem previsão de movimentar R$ 699 milhões até o final do ano.
A pesquisa também revelou que 219 mil pacientes fazem a importação desses medicamentos, enquanto 114 mil (26%) realizam tratamento por meio de associações e 97 mil (22%) têm acesso aos medicamentos em farmácias. Além disso, há também remédios no Sistema Único de Saúde (SUS), com estimativa de gasto público de R$ 80 milhões em 2023, o que representa aproximadamente 10% do mercado.
As perspectivas para os próximos anos são igualmente impressionantes, com a projeção de que o mercado da cannabis medicinal ultrapasse a marca de R$ 1 bilhão em 2024. Caso seja aprovada uma legislação que inclua o uso medicinal, industrial e adulto (recreativo) da cannabis, a pesquisa calcula que o setor geraria R$ 26,1 bilhões à economia em quatro anos, além de criar 328 mil empregos formais no país.
A CEO da Kaya Mind, Maria Eugenia Riscala, ressalta que o crescimento no uso da cannabis medicinal se deve ao aumento do conhecimento sobre os benefícios dos tratamentos para diversas doenças, tanto por parte dos médicos quanto dos pacientes.
Além do uso medicinal, a pesquisa da Kaya Mind ressalta que existem evidências robustas sobre os benefícios da planta para o tratamento de doenças como dor crônica, epilepsia refratária, espasticidade da esclerose múltipla, náusea, vômitos e perda do apetite, e transtornos neuropsiquiátricos.
Em resumo, o 2º Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil 2023 revela um crescimento expressivo no uso de medicamentos à base de cannabis medicinal no país, trazendo consigo importantes perspectivas econômicas e de geração de empregos, além de evidências científicas dos benefícios da planta para o tratamento de diversas doenças. A inclusão da cannabis medicinal no SUS também tem sido defendida pela Fiocruz, abrindo caminho para um maior acesso e utilização desses medicamentos no sistema de saúde pública do Brasil.
