Aumento do antissemitismo no Brasil está associado ao conflito entre Israel e Hamas, aponta pesquisa da Conib/Fisesp.

O antissemitismo tem crescido no Brasil desde o início do mais recente conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas. Um levantamento da Confederação Israelita do Brasil (Conib) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) revelou um aumento significativo de denúncias de discriminação e violência contra judeus no país.

De acordo com o Departamento de Segurança Comunitária Conib/Fisesp, foram registradas 467 denúncias no mês passado, contra 44 em outubro de 2022. O total de denúncias de janeiro a outubro de 2023 foi de 876, em comparação com 375 no mesmo período do ano anterior.

O presidente da Fisesp, Marcos Knobel, apontou as mídias sociais como responsáveis por “escancarar o antissemitismo”. Ele enfatizou a necessidade de prestar atenção e não tolerar nenhum episódio de antissemitismo, por menor que seja. Segundo Knobel, “antissionismo é antissemitismo”, indicando que a guerra atual deixou claro que qualquer ataque direcionado a Israel, sem critérios maiores, é antissemitismo.

Já Daniel Bialski, vice-presidente da Conib, reforçou a ideia de que qualquer crítica ao sionismo é considerada antissemitismo. Ele ressaltou que o sionismo é a defesa do Estado de Israel em todos os seus sentidos, e que qualquer comparação com as práticas nazistas constitui uma crítica válida ao Estado de Israel.

Entretanto, entre especialistas ouvidos pela Agência Brasil, há um consenso de que as críticas a Israel e à política do governo israelense não podem ser consideradas manifestações de antissemitismo à priori. Bruno Huberman, professor do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), destacou que o projeto sionista, que avançou através da colonização da Palestina e culminou na criação do Estado de Israel em 1948, não representa a única proposta para lidar com o antissemitismo.

Huberman também abordou a tentativa de enquadrar todas as críticas ao sionismo como antissemitismo, destacando que é preciso haver clareza na diferenciação entre antissionismo e antissemitismo. Natalia Calfat, cientista política e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), compartilhou a visão de que é necessário distinguir entre antissionismo e antissemitismo para conduzir um debate democrático e legítimo.

Com esses dados, fica evidente o aumento do antissemitismo no Brasil, relacionado diretamente com o conflito em Israel e a política do governo israelense. A sociedade brasileira precisa estar atenta a essas questões e buscar maneiras de abordar esses problemas de maneira justa e equilibrada.

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