Apesar de ser uma doença curável, quando não é tratada de forma adequada, a sífilis durante a gravidez pode levar ao aborto e natimorto, bem como promover problemas severos de desenvolvimento infantil, como a cegueira e surdez. Em 2022, a doença causou 231 casos de natimortos e 51 mortes de bebês. A agência responsável informou que quase 90% dos novos casos poderiam ter sido evitados com testes e tratamento oportunos.
A diretora médica da divisão da agência para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, Laura Bachmann, destacou a gravidade da situação, afirmando que é preciso adotar novas abordagens para enfrentar o problema. Segundo ela, a falha do sistema de saúde pública é evidente, com uma taxa elevada de mulheres que não receberam cuidados pré-natais. Além disso, muitas delas não foram testadas para sífilis ou receberam tratamento inadequado.
A situação é agravada pelo desmantelamento das equipes de especialistas em intervenção em doenças e enfermeiras que costumavam garantir a realização de testes durante a gravidez, inclusive por meio de injeções em domicílio, conforme destacou Thomas Dobbs, diretor da Escola de Saúde Populacional John D. Bower, da Universidade do Mississippi.
A Coalizão Nacional de Diretores de IST classificou o aumento da sífilis congênita como uma crise vergonhosa, acentuada por cortes de financiamento e obstáculos burocráticos. Em resposta, a Coalizão exigiu US$ 1 bilhão em financiamento federal e um coordenador da resposta à sífilis na Casa Branca para conter a maré.
De acordo com os dados, a sífilis quase foi eliminada nos EUA há 20 anos, mas os casos aumentaram em 74%, atingindo 177 mil ocorrências entre 2017 e 2021. Outras infecções sexualmente transmissíveis, como clamídia e gonorreia, também estão em ascensão.
Os especialistas afirmam que a redução nos cuidados preventivos, o aumento da telemedicina para cuidados pré-natais e a diminuição no horário de funcionamento das clínicas podem ter agravado a situação. Além disso, a barreira de acesso aos cuidados de saúde é citada como uma questão crítica em estados extremamente pobres.