Ex-presidente Uribe denunciado por suposta responsabilidade em execuções e desaparecimentos forçados durante seu governo na Colômbia.

O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe foi denunciado perante um tribunal argentino por sua suposta responsabilidade em mais de 6.000 execuções e desaparecimentos forçados de civis ocorridos entre 2002 e 2008 durante seu governo, um caso conhecido como “falsos positivos”. A denúncia foi feita por familiares das vítimas e organizações de direitos humanos que se reuniram com o juiz federal de Buenos Aires, Sebastián Ramos, para apresentar as acusações.

O juiz Ramos pediu tempo para analisar a denúncia e decidir se abrirá uma investigação penal. O caso foi levado à Argentina devido ao reconhecimento do princípio da “jurisdição universal”, que estabelece a competência judicial dos Estados em casos de crimes contra a humanidade, independentemente do local dos crimes ou da nacionalidade dos acusados.

A denúncia apresentada contra Uribe inclui o testemunho de parentes de quatro dos 6.112 mortos registrados pelas forças militares como “baixas em combate” durante a presidência de Uribe, entre 2002 e 2010. Este caso foi apresentado com o apoio do Comitê de Solidariedade com os Presos Políticos, do Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo e da Corporação Jurídica Libertad, três organizações da Colômbia.

A advogada colombiana Daniela Rodríguez Sanabria expressou esperança de que a justiça argentina irá responder de forma séria e imparcial, algo que, segundo ela, não foi alcançado na Colômbia devido à corrupção de juízes que possuem ligações com Uribe. Os “falsos positivos” constituem o pior escândalo enfrentado pelas forças militares da Colômbia em mais de meio século de conflito armado, sendo uma prática de levar vítimas sob enganos e falsas promessas de emprego para outras áreas do país, onde eram assassinadas e apresentadas como baixas. Alguns militares afirmaram ter sido pressionados por superiores, e até mesmo apontaram o general Mario Montoya, chefe do Exército entre 2006 e 2008 e muito próximo de Uribe.

Uma das parentes das vítimas incluídas na denúncia, Bertina Badillo Herazo, expressou a expectativa de que a justiça argentina possa oferecer a justiça que não foi alcançada na Colômbia. Este caso já está registrado na Jurisdição Especial para a Paz (JEP), mas sem competência para julgar presidentes e ex-presidentes. A denúncia busca encontrar justiça e responsabilização pelos graves crimes cometidos no período entre 2002 e 2008 na Colômbia.

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