Gonorreia é um grande problema global, com mais de 82 milhões de novas infecções registradas em todo o mundo em 2020. A doença sexualmente transmissível é causada pelo patógeno Neisseria gonorrhoeae, que se espalha por contato sexual nos genitais, reto e garganta. A metade das pessoas infectadas pela doença não apresenta sintomas, mas em outras, a gonorreia pode levar a complicações graves, incluindo infertilidade, esterilidade, cegueira em bebês e até mesmo a morte.
A resistência da bactéria causadora da doença à maioria dos antibióticos disponíveis é um problema sério. Ela se tornou resistente à azitromicina e está cada vez mais resistente a outro antibiótico chamado ceftriaxona, que é o padrão de cuidado atual. A defesa mais poderosa combina uma injeção de ceftriaxona com azitromicina, porém, até mesmo esse tratamento parece estar sendo contornado pela gonorreia.
O zoliflodacina, novo tipo de antibiótico descoberto, aumenta as esperanças de que a bactéria permaneça suscetível a ele por um longo tempo. A droga é uma solução para um problema que realmente precisa ser resolvido, como afirma o Dr. Manica Balasegaram, diretor-executivo da Global Antibiotic Research and Development Partnership (G.A.R.D.P.), organização que liderou o desenvolvimento do medicamento.
O desenvolvimento do zoliflodacino representa um novo modelo, uma vez que as empresas farmacêuticas demoraram a abandonar o desenvolvimento de antibióticos por não ser lucrativo. A G.A.R.D.P., em colaboração com a empresa farmacêutica americana Innoviva Specialty Therapeutics, desenvolveu o medicamento em um ensaio de fase 3, o maior até agora para um tratamento de gonorreia.
O acordo garante que o antibiótico esteja disponível e acessível para pessoas em países de baixa e média renda, uma vez que ninguém está ganhando muito dinheiro com o tratamento da gonorreia. O novo medicamento ainda precisa ser testado em outros locais para saber se sua eficácia se mantém, mas a descoberta abre portas para novas possibilidades no tratamento da doença. Entretanto, é preciso fazer mais estudos sobre o medicamento para garantir que a resistência da bactéria não surge novamente. Esses obstáculos ainda precisam ser superados antes que o remédio possa ser usado em larga escala para tratar a gonorreia.