Aumento de ondas de calor no Brasil é visto como sinal de mudança climática, aponta estudo do Inpe: de 7 para 53 dias.

Nos últimos 30 anos, ondas de calor têm se intensificado no Brasil, revela um estudo recente feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com o levantamento, a média de dias com ondas de calor tem aumentado drasticamente, indo de 7 para 53.

Os dados foram coletados para a realização de um estudo que foi solicitado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o objetivo de embasar o plano federal de adaptação do país à mudança climática. O histórico de dados das seis últimas décadas foi analisado e comparado para identificar as mudanças nas condições climáticas do Brasil.

A pesquisa definiu ondas de calor como um mínimo de seis dias consecutivos em que a temperatura máxima supera um limiar de 10% do que é considerado extremo, comparado ao período de referência (1961-1990). Enquanto o período de referência exibiu uma média de 7 dias com ondas de calor, nas últimas décadas, esse número aumentou significativamente, atingindo 53 dias na última década.

Além disso, os mapas divulgados pelo Inpe mostraram que essa tendência de extremos é verdadeira para todas as áreas do país, especialmente no Semiárido. Na região Nordeste, houve uma elevação brusca não apenas em ondas de calor, mas nos recordes de temperaturas máximas, na forma de “anomalias de temperatura”.

A região Sul foi a única minimamente poupada da seca e dos extremos de temperatura, entretanto, as anomalias de chuva na região também foram significativas. O estudo foi coordenado pelo climatólogo Lincoln Alves, que destacou a importância de atualizar os dados para subsidiar as políticas públicas de adaptação.

Os dados analisados foram coletados de 1.252 estações meteorológicas e 11.473 pluviômetros espalhados pelo país. O Inmet, responsável pela coleta dos dados, passou recentemente por um esforço acadêmico para recuperar registros antigos que ainda não foram digitalizados.

A análise regional dos dados é fundamental para ajudar no planejamento contra crises futuras, especialmente nos setores de energia e agropecuária. Com as mudanças no clima, o Brasil precisará se adaptar a novos desafios e as políticas públicas precisam ser embasadas em informações atualizadas sobre o clima.

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