Pesquisa revela que 87% dos microempreendedores no Brasil não têm ensino superior completo ou em andamento, segundo Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos.

Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape Brasil) revelou que, até julho de 2023, 87% dos empreendedores entrevistados não concluíram e nem estavam cursando faculdade. Os dados evidenciaram um aumento no número de pessoas que declararam ter terminado o segundo grau, com um percentual de 46% em 2023, em comparação com 43% em 2019. Além disso, houve uma queda no percentual de microempreendedores com o primeiro grau incompleto, caindo de 21% para 16%.

O presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), César Silva, comentou que os números refletem a realidade da educação superior no país. Segundo ele, o setor disponibiliza mais de 35 milhões de vagas, porém apenas 2,5 milhões de ingressantes por ano, uma das menores demandas dos últimos anos. Além disso, a evasão durante os cursos é alta, alcançando uma média de 30% dos ingressantes por ano. Silva ressaltou que a falta de conexão entre o ensino superior e as competências exigidas no mercado de trabalho é o principal motivo para a evasão.

O presidente da FAT também destacou o fato de que muitas habilidades necessárias para o mercado de trabalho não são ensinadas nas universidades, levando os alunos a se sentirem desmotivados com o ensino superior. Nesse sentido, Silva defendeu o aumento do número de cursos técnicos como uma medida positiva para preparar melhor os empreendedores.

Outro ponto preocupante levantado pela pesquisa é o percentual de empreendedores que se declararam analfabetos, que cresceu 1 ponto percentual entre 2019 e 2023, atingindo 5% em 2023. A diretora executiva do Ceape Brasil, Claudia Cisneiros, expressou preocupação com a situação, uma vez que a gestão de um empreendimento requer conhecimento em áreas como fluxo de caixa, empréstimos e burocracia.

Cisneiros também ressaltou a importância de uma formação mais contextualizada e alinhada com as necessidades de produtividade do país nos anos finais do ensino médio. Ela acredita que essa mudança poderia reduzir a evasão dos estudantes e preparar melhor os empreendedores do futuro. Outro ponto destacado pela pesquisa foi a falta de preparo dos profissionais para gerenciar seus negócios e superar desafios relacionados à educação. Entretanto, o diretor executivo da FAT reiterou a necessidade de conectar os conhecimentos adquiridos na prática aos métodos de ensino tradicionais.

Por fim, a pesquisa revelou uma realidade preocupante em relação à educação superior no Brasil, indicando a necessidade de reformas e de criação de políticas mais efetivas para promover a formação e capacitação dos futuros empreendedores.

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