Dilema na Argentina: argentinos enfrentam escolha entre “Drácula” e “Frankenstein” para presidência em meio à polarização política.

Após as eleições do primeiro turno presidencial na Argentina, realizadas em 22 de outubro, o país enfrenta um dilema em relação aos candidatos restantes. Para milhões de argentinos, ambos são os piores possíveis e não os representam de maneira satisfatória. O desgosto por ambos os candidatos atingiu tal nível que são frequentemente comparados a personagens de filmes de terror, como Frankenstein e Drácula, para ilustrar o tamanho do pânico gerado pela possibilidade de sua ascensão ao poder.

O senador Luis Juez, membro de uma aliança opositora desfavorecida (Juntos pela Mudança), foi um dos primeiros a usar a comparação com as criaturas do medo para se referir ao peronista Sergio Massa e ao candidato da direita radical Javier Milei. Ele expressou a dificuldade em escolher entre dois “personagens”, descrevendo um deles como tendo transformado o país numa verdadeira favela, enquanto o outro busca construir um país com uma serra elétrica.

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A comparação associando Massa a Drácula se deve principalmente ao fato de ele ter ocupado o cargo de ministro da Economia de um país em frangalhos, com 41% de taxa de pobreza e 147% de inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Em contraste, Milei, apelidado de Frankenstein, desperta medo em milhões de argentinos devido às suas polêmicas posições políticas, como ideias relacionadas ao porte livre de armas, venda de órgãos e ruptura de relações com aliados importantes como Brasil e China.

Além disso, Milei é veterano da economia argentina e está ciente da dificuldade em alcançar o que promete. No entanto, esta conscientização não impede que seu programa político seja descrito como um “Frankenstein” por alguns economistas renomados, o que solidifica ainda mais a comparação.

Essa situação joga milhões de eleitores argentinos em um temor difícil de superar. Segundo Carlos Ballesteros, um jovem de 28 anos que trabalha num açougue no bairro de Palermo, Massa representa um cenário de decadência contínua, enquanto as possíveis propostas de Milei causam medo.

O governador eleito da província de Mendoza, Alfredo Cornejo, comparou a escolha entre Massa e Milei a escolher entre Drácula e Frankenstein e comentou ainda que seu partido, a tradicional União Cívica Radical (UCR), preferia apostar na candidatura de Patricia Bullrich.

Apesar do tom alarmante, os comentários de políticos e jornalistas sobre a difícil escolha entre os dois candidatos se espalharam por todo o país, refletindo o medo compartilhado por muitos eleitores argentinos, como a professora Natalia Fernández, que declara: “Essencialmente, sentimos medo, de ambos. Medo de continuar igual ou ficar cada vez pior, e medo de dar um pulo no escuro”.

Essa posição tão delicada levou Fernández a considerar votar em branco, história que se repete em meio a um debate que leva argentinos de 28 anos a reconhecidos jornalistas a enfrentar uma difícil decisão que, vista de fora, parece um filme de terror.

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