Após desembarcar no Brasil, cidadão palestino com cidadania brasileira e família recebem ameaças nas redes sociais e pedem proteção.

O Brasil é conhecido como uma terra receptiva para os imigrantes que buscam refúgio ou melhores oportunidades de vida. No entanto, nem sempre essa realidade se confirma, como é o caso do palestino com cidadania brasileira Hasan Rabee e sua família, que recentemente enfrentaram ameaças e violência simbólica após desembarcarem no país.

Hasan Rabee, juntamente com sua esposa e filhas, começaram a receber ameaças pelas redes sociais logo após sua chegada ao Brasil, na última segunda-feira (13). Segundo a advogada Talitha Camargo da Fonseca, que representa o repatriado, mais de 200 mensagens de ameaça já foram registradas, sendo caracterizadas por crimes como injúria racial, xenofobia, ameaça de execução, calúnia, difamação e perseguição.

Além das ameaças diretas, circulam na internet vídeos com recortes do momento em que Hasan Rabee desembarcou na Base Aérea de Brasília, juntamente a outros repatriados de Gaza, quando foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros. Esses vídeos apresentam uma gravidade gigantesca, pois expõem a figura de Hasan e sua família, colocando em evidência a polarização da sociedade brasileira.

Hasan Rabee, de 30 anos, se tornou conhecido por divulgar vídeos e mensagens mostrando os bombardeios na Faixa de Gaza, os estragos e as dificuldades enfrentadas pela população. No entanto, ele e sua família agora enfrentam uma nova onda de violência simbólica e ameaças após a sua chegada ao Brasil.

A advogada Talitha da Fonseca destacou a absurda situação enfrentada por Hasan e sua família, que após o sofrimento enfrentado em Gaza, agora se veem expostos a outros tipos de violência no Brasil. Diante disso, apresentou um pedido para que Hasan seja incluído no Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos. Segundo a advogada, o caso já está em análise pelo ministério.

É inaceitável e inadmissível que vítimas de guerra, ao chegarem ao país, sejam obrigadas a enfrentar uma nova guerra, desta vez contra discursos de ódio. Diante dessa situação, Hasan Rabee e sua família receberão apoio psicológico pelo Instituto Pró-Vítima, em São Paulo, onde residem.

Hasan Rabee, que é naturalizado brasileiro, trabalha como vendedor na cidade de São Paulo há 10 anos, após deixar a Palestina devido aos conflitos com Israel. No entanto, agora enfrenta uma nova batalha, a da integração e segurança em sua pátria adotiva.

O caso de Hasan Rabee evidencia a importância de políticas efetivas de proteção e acolhimento para refugiados e imigrantes que chegam ao Brasil em busca de uma nova vida. Mostra também que a sociedade brasileira ainda enfrenta desafios relacionados à xenofobia, ao preconceito e à discriminação. Espera-se que o pedido de inclusão de Hasan no Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos seja acolhido, garantindo a segurança e o bem-estar da sua família diante das ameaças recebidas.

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