Deputado republicano de origem brasileira desvia fundos de campanha para gastos pessoais e é alvo de relatório do Comitê de Ética.

O Comitê de Ética da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos divulgou nesta quinta-feira um relatório de 56 páginas comprovando que o deputado republicano George Santos, de origem brasileira, utilizou fundos de campanha para despesas pessoais. Entre os gastos expostos estão assinaturas no site de conteúdo adulto OnlyFans, aplicações de botox, estadias em Las Vegas durante um período em que informou à sua equipe que estava em lua de mel e milhares de dólares em spas. Após as revelações, Santos declarou que não iria mais concorrer à reeleição no ano seguinte.

Além do desvio de verbas, o relatório também apontou indícios de fraude em doações e nos registros do financiamento de campanha. De acordo com o documento, Santos usou uma empresa chamada RedStone Strategies para arrecadar mais dinheiro do que o permitido pelo limite de contribuições. Dos valores obtidos por meio da empresa, o republicano desviou pelo menos US$ 200 mil (R$ 972 mil) para gastos pessoais em 2022, incluindo pagamentos de cartões de crédito. Entre as aquisições, há registros de compras de artigos de luxo na Sephora e na Hermès.

Segundo os investigadores, Santos estava “fortemente envolvido” nas movimentações financeiras e recebia relatórios e faturas semanais das contas bancárias da campanha, além de ter credenciais para acessar os valores. Por unanimidade, o Comitê de Ética da Câmara dos Deputados votou para encaminhar suas descobertas ao Departamento de Justiça, declarando que a conduta de Santos “merece condenação pública, está abaixo da dignidade do cargo e trouxe grande descrédito à Câmara”.

Apesar de o painel ter se abstido de recomendar quaisquer medidas punitivas, já havia indicações de que o relatório poderia ser o catalisador de um terceiro esforço para remover Santos do cargo — que venceu duas votações anteriores para tirá-lo. Vários membros da Câmara já disseram anteriormente que apoiariam sua expulsão se o comitê encontrasse um delito criminal ou uma grave violação da ética. “A maioria de nós nunca viu nada parecido com isso, tão extenso, tão descarado e tão ousado”, disse o deputado Glenn Ivey, democrata de Maryland, que faz parte da Comissão de Ética.

Ivey, um ex-promotor federal, disse acreditar que os membros da comissão haviam descoberto provas adicionais que poderiam ser usadas no processo federal de Santos. O republicano, que representa partes de Long Island e do Queens, já enfrenta uma acusação federal de 23 itens que inclui acusações de que ele roubou de seus doadores e falsificou registros de campanha eleitoral. Santos, que não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, resistiu aos pedidos de renúncia e se declarou inocente.

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