Estudo do LaPOpE/UFRJ analisa a qualidade da infraestrutura da Educação Infantil no Brasil e aponta desafios em todo o país

Estudo revela desafios na qualidade da oferta da Educação Infantil no Brasil

Um estudo inédito divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LaPOpE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) analisou a qualidade da oferta da Educação Infantil no Brasil, com base em informações do Censo Escolar 2022 e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021. Os pesquisadores Tiago Bartholo e Mariane Koslinski constataram que a qualidade da infraestrutura das escolas para crianças de 0 a 5 anos apresenta muitos desafios em todo o país.

De acordo com o estudo, a primeira coleta de dados em larga escala nas escolas para essa faixa etária, revelou que as escolas das regiões Norte e Nordeste, em média, apresentam 2,2 e 2,1 equipamentos voltados para o público infantil, respectivamente. Já as escolas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, apresentam quatro equipamentos, e as da Região Sul, 4,8. Escolas públicas possuem, na média, 3,2 equipamentos, enquanto as privadas conveniadas possuem quatro e as particulares não conveniadas 4,3.

No que diz respeito à infraestrutura das unidades educativas, foi observada uma baixa frequência de brinquedos para o público infantil, como gira-gira (46,2%), gangorra (38,5%) e balanço (34,3%) nas escolas.

Além disso, o estudo abordou também a qualidade dos recursos pedagógicos disponíveis, como a autonomia das crianças para manusear livros, a frequência do manuseio dos livros diariamente e se os professores leem livros para as crianças diariamente. Os pesquisadores destacaram a importância desses recursos na estimulação do desenvolvimento das crianças.

Bartholo e Koslinski ressaltaram que, apesar do aumento de recursos na educação infantil nos últimos anos, garantir a vaga é insuficiente quando se pensa nos benefícios que a educação infantil traz para o desenvolvimento das crianças. Eles também destacaram que a rede pública enfrenta maiores desafios em relação à qualidade da infraestrutura, apontando desigualdades entre as regiões do país.

Para os pesquisadores, o estudo permite monitorar as políticas de Educação Infantil, para verificar se estão atendendo de maneira equitativa as diferentes regiões e redes de ensino. Eles destacaram ainda a importância de elaborar indicadores que auxiliem na implementação das estratégias do Plano Nacional de Educação (PNE) e subsidiar a elaboração de políticas públicas que garantam que as estratégias sejam alcançadas.

Diante dos resultados, os pesquisadores ressaltam a necessidade de um aumento do investimento para a primeira infância e destacam a importância de uma oferta de educação infantil de qualidade, que proporcione o desenvolvimento e bem-estar das crianças.

O estudo também evidenciou as diferenças entre a rede pública e a rede privada não conveniada, em especial no que se refere à autonomia das crianças e ao manuseio de livros em sala de aula. Os pesquisadores ressaltaram que esses dados são importantes para monitorar o que está acontecendo de fato na educação infantil e destacaram a importância de mais investimentos na formação dos professores e na melhoria da qualidade da infraestrutura das escolas.

Com isso, o estudo traz à tona a importância de políticas públicas que garantam uma oferta de educação infantil de qualidade em todo o país, visando proporcionar um desenvolvimento pleno e igualitário para todas as crianças.

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