Javier Milei, um economista ultraliberal e anti-sistema, abalou o bipartidarismo tradicional argentino com suas propostas radicais. Ele afirmou que “dinamitaria” o Banco Central, cortaria gastos públicos, reduziria o papel do Estado ao mínimo e acabaria com a “casta política e ladra”. Além disso, Milei nega a existência de diferenças salariais entre homens e mulheres e rejeita o consenso de 30.000 desaparecidos durante a última ditadura, estimando esse número como um terço.
Um cientista político da Universidade de San Martín, Gabriel Vommaro, descreveu Milei como um líder de extrema-direita de “importância pública inusitada” na Argentina. O estilo de Milei apela para eleitores decepcionados com o peronismo, uma corrente política que molda a história argentina desde os anos 1940.
No entanto, após alcançar 30% dos votos no primeiro turno, Milei buscou o consenso ao perceber a necessidade de construir alianças para vencer as eleições de domingo. Como resultado, ele adotou uma postura mais moderada, buscando atrair eleitores conservadores e a aprovação do ex-presidente liberal Mauricio Macri.
Embora sua tática confrontativa tenha funcionado no primeiro turno, pesquisas indicam que Milei está empatado com o candidato do governo, o ministro da Economia Sergio Massa. Sua falta de jeito em debates foi destacada por apoiadores como um sinal de sua autenticidade e distanciamento da “casta” política.
Milei surgiu como uma figura influente na televisão em 2015, protagonizando críticas econômicas furiosas em programas de opinião. Seu discurso furioso e confrontativo o impulsionou nas redes sociais, onde alcançou muitos jovens que consideram seu estilo inovador e rebelde.
No entanto, Milei parece ter dado um passo atrás desde que adotou uma postura mais moderada. Ele reduziu suas aparições públicas, deixou de lado declarações incendiárias e parece ter abandonado seu estilo contundente em prol de uma imagem mais viável como candidato. Estas mudanças podem ser cruciais para o resultado das eleições.
Apesar de suas transformações, Milei continua a defender a dolarização da economia argentina. Sua trajetória improvável e sua abordagem única o tornaram um personagem polarizador na política argentina, com um futuro incerto à medida que as eleições se aproximam.