A magistrada destacou que apenas 14,5% dos magistrados brasileiros são negros e essa porcentagem cai ainda mais entre os desembargadores, chegando a apenas 9,7%. Esses números refletem as dificuldades enfrentadas por pessoas negras para ingressar e ascender no judiciário, resultando em um cenário onde a Justiça ainda é predominantemente branca, masculina e de classe média alta.
Durante a entrevista, Maria Ivatônia Barbosa revelou que sua trajetória até se tornar uma desembargadora foi repleta de desafios, incluindo dificuldades financeiras, a necessidade de trabalhar e a luta constante para se destacar em um ambiente onde a média era formada majoritariamente por pessoas brancas que tiveram acesso a melhores oportunidades educacionais.
Ao discutir sobre discriminação racial no judiciário, a desembargadora mencionou episódios de discriminação, a falta de reconhecimento do racismo e das barreiras enfrentadas por negros. Ela descreveu a discriminação que ocorre de maneira sutil, como silêncio e indiferença, além de mencionar que não se pode ser negro impunemente, lembrando a existência de comentários racistas e piadas discriminatórias.
Maria Ivatônia também abordou as desigualdades de acesso a educação de qualidade, a falta de recursos para custear cursos preparatórios e de pós-graduação, impedindo muitos jovens negros de ingressarem em carreiras jurídicas. A desembargadora enfatizou a solidão que muitos negros enfrentam em um ambiente profissional onde são poucos os representantes da sua raça.
Apesar das dificuldades, Maria Ivatônia é um exemplo de superação e sucesso. Ela aconselha futuros profissionais que desejam ingressar no judiciário a não desistirem, a formarem redes de apoio e a resistirem perante as adversidades. A desembargadora também destaca a importância de reivindicar o direito e o lugar devido no judiciário, sem considerar isso como um favor ou benevolência.
O relato da desembargadora Maria Ivatônia Barbosa revela as profundas desigualdades e barreiras enfrentadas por pessoas negras no judiciário brasileiro, ressaltando a necessidade de atenção e ação para promover a igualdade e a diversidade nesse ambiente.