Ícones negros em carreiras valorizadas: a luta por equidade e diversidade no sistema de justiça brasileiro

No Dia da Consciência Negra, esta segunda-feira, 20 de novembro, é uma oportunidade para abrir espaços de debates que são verdadeiramente importantes para a sociedade. Um dos temas relevantes no centro das discussões é a busca de equidade nos espaços profissionais. Pode-se observar em várias carreiras, como medicina, engenharia, judiciário, professores universitários, que a grande maioria é composta por pessoas brancas. E também podemos nos perguntar, quantas mulheres negras ocupam posições nesses tipos de profissões?

Um fato que não pode deixar de ser observado é a pouca representação de mulheres negras em cargos valiosos e várias áreas no sistema judiciário brasileiro. Somente 5% da magistratura brasileira é composta por mulheres negras, segundo uma pesquisa divulgada pelo Conselho Nacional da Justiça (CNJ). A procuradora federal e cofundadora da organização Abayomi Juristas Negras, Chiara Ramos, ressalta a necessidade de inclusão de mulheres negras, indígenas e pessoas diversas justo para trazer um princípio constitucional de eficiência diante da diversidade que é necessária para entender as questões judiciais sobre as relações raciais, étnico-raciais e sociais do Brasil.

Chiara Ramos também chama atenção para as questões históricas e estruturais do Brasil que remontam ao período da escravidão e suas consequências que refletem na dificuldade de ocupar espaços nas estruturas porque estas foram construídas para manter propriedade e privilégio de um grupo social. A primeira mulher negra, Manoela Alves, que ocupa um cargo na diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), disse ser injusta a resistência enfrentada para que uma mulher negra ocupe um cargo na mais alta corte do país. Para ela, a pluralidade deveria ser um reflexo natural em um país com tanta diversidade étnica e racial.

A própria trajetória de Manuela é marcada por pioneirismo. Ela acredita que o fato de ser a primeira lidera a inclusão de várias outras pessoas negras e faz ações para que a advocacia seja composta por um grupo mais diversificado. Conseguiu aumentar de 30% a quantidade de pessoas negras no conselho da OAB e pretende continuar o esforço para garantir que outras pessoas negras consigam ocupar esses espaços.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo