Mulheres negras debatem as resistências negras no Brasil no Dia da Consciência Negra em live virtual.

Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, um grupo de cinco mulheres negras se reuniu virtualmente para debater as resistências negras no Brasil nos dias atuais. Durante o evento, elas destacaram a importância dessa data, instituída há 52 anos, para relembrar as lutas do movimento negro pelo fim da opressão, desde o período da escravidão, em várias cidades brasileiras. O intuito foi levar o internauta a refletir sobre os principais desafios para a efetiva inclusão do povo preto na sociedade brasileira, com a necessária reparação da história, o fim da violência contra corpos negros e a representatividade negra em espaços de poder.

Participaram do encontro mulheres de destaque na sociedade, como a professora e jornalista Rosane Borges; a diretora da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck; a fundadora e coordenadora de Captação de Recursos e Articulação Política do Instituto Odara da Mulher Negra, a historiadora Valdecir Nascimento; além da jornalista do canal de TV por assinatura Globo News, Flávia Oliveira; e a mediadora, a também jornalista coordenadora do Programa de Comunicação do Instituto Odara, Alane Reis. Elas ressaltaram que o racismo continua sendo um grande problema no Brasil, e que é necessário honrar a luta do líder do Quilombos dos Palmares, Zumbi dos Palmares, morto em 1965.

Segundo Rosane Borges, o capitalismo coloniza até a luta negra. Ela afirmou que é preciso resistir ao processo de cooptação capitalista, escravagista, patriarcal e classista, e enfatizou que o Brasil não tem um projeto de nação que inclua os negros em todos os aspectos. Já a jornalista Flávia Oliveira defendeu que o Dia da Consciência Negra tem mais legitimidade que o 13 de maio, instituído como o Dia da Abolição da Escravatura, mas que não é reconhecido nacionalmente.

Durante o debate, foram abordados temas como a importância de indicar uma mulher negra para a vaga de ministra aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), as mortes de jovens negros no país, o assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico, e críticas à realização de festivais e celebrações em nome da “consciência negra”. A fundadora do Instituto Odara da Mulher Negra, Valdecir Nascimento, questionou a linha de investigação do assassinato de Mãe Bernadete, enfatizando que a hipótese de tráfico de drogas encobre a motivação de racismo e intolerância religiosa.

Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional Brasil, afirmou que a luta do povo preto deveria começar com a denúncia ao mundo do que está errado no país, como os assassinatos de jovens negros por agentes de segurança pública. Ela também criticou negros que, quando ascendem socialmente, se esquecem da luta. Durante o debate, dezenas de internautas se somaram às vozes das ativistas negras, postando comentários que agradeciam a iniciativa.

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