Pais devem se atentar ao impacto do “sharenting” e suas consequências psicológicas para os filhos menores nas redes sociais.

O avanço da tecnologia e a popularização das redes sociais nos últimos anos têm aumentado significativamente o compartilhamento de fotos e vídeos de crianças na internet. Enquanto antigamente as memórias ficavam guardadas em álbuns de família, hoje em dia é comum ver pais postando o desenvolvimento de seus filhos nas plataformas digitais.

A prática, conhecida como “sharenting”, é o ato de compartilhar fotos e vídeos das crianças nas redes sociais, muitas vezes sem o consentimento delas. De acordo com um levantamento feito pela Security.org, empresa americana especializada em proteção de dados, cerca de 29% dos pais nunca pedem permissão antes de compartilhar mídias vinculadas ao filho.

A exposição frequente das crianças nas redes sociais tem gerado preocupações sobre o impacto que isso pode ter em suas vidas. A professora de direito da Universidade da Flórida, Stacey Steinberg, autora do livro “Growing up shared”, enfatiza que as crianças estão construindo uma identidade digital antes mesmo de dar o primeiro passo, e que o compartilhamento indiscriminado pode ter consequências negativas.

A quantidade de curtidas e comentários em uma foto tem sido motivo de preocupação para especialistas, que alertam para o vício em dopamina que pode gerar dependência e outros problemas de saúde mental. A pediatra Liubiana Arantes de Araújo, presidente do Departamento de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria, destaca que as postagens treinam o cérebro da criança desde cedo a se viciar na mesma dopamina experimentada pelos pais.

Além disso, a supervalorização do mundo virtual pode influenciar negativamente a autoestima das crianças, e até mesmo contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais no futuro. A psicóloga clínica Laura Quadros ressalta que a exposição forçada pode gerar desconforto e quebra de confiança na criança, impactando sua autoestima a longo prazo.

Diante desse cenário, é importante que os pais e responsáveis tenham cautela ao compartilhar informações e imagens de crianças nas redes sociais. Algumas recomendações incluem preservar o rosto da criança em todas as postagens, evitar criar perfis exclusivos para exposição do menor e verificar a segurança do perfil e dos seguidores que têm acesso às postagens.

Em última instância, é fundamental entender que as redes sociais têm o poder de afetar a formação da identidade das crianças, e que o consentimento delas deve ser levado em consideração na hora de compartilhar informações e imagens online. A prática do “sharenting” pode trazer impactos significativos para o desenvolvimento das crianças, e é preciso agir com responsabilidade ao compartilhar conteúdo relacionado a elas nas plataformas digitais.

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