Acordo para cessar-fogo entre Israel e Hamas ganha destaque na mídia internacional após cinco semanas de negociações secretas.

O processo que levou à aprovação de um cessar-fogo temporário entre Israel e o Hamas, para a libertação de reféns e prisioneiros na noite de terça-feira, foi um dos acontecimentos mais marcantes das últimas semanas. No entanto, as mediações e negociações que resultaram na conclusão do acordo foram extremamente delicadas e exigiram a participação de países como EUA, Catar e Egito, desde os primeiros dias da guerra.

Embora os holofotes da imprensa internacional tenham se voltado para a o cessar-fogo, aliados e autoridades envolvidos no processo revelaram que as medidas de mediação se desenvolveram longe dos olhares do público. Os bastidores envolveram extensas negociações e reuniões meticulosas que culminaram em um resultado favorável, com 50 dos quase 240 reféns sequestrados pelo Hamas devendo ser libertados em troca de 150 prisioneiros palestinos durante uma pausa de quatro dias nos combates. O processo considerado “extremamente excruciante”, exigiu um envolvimento pessoal do presidente americano, Joe Biden, que manteve diversas conversas com emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, semanas antes do acordo.

De acordo com fontes envolvidas, o governo catari fez um pedido à Casa Branca, logo após os ataques de 7 de outubro, para formar uma pequena equipe de conselheiros a fim de colaborar com os esforços de libertação dos sequestrados. A Casa Branca então montou uma “célula secreta” com altos assessores, além de horas de negociações meticulosas nas quais estavam envolvidos autoridades como Antony Blinken, Bill Burns, Jake Sullivan, Jon Finer e Brett McGurk. O esforço multinacional e os bastidores das negociações revelam o grau de complexidade e a extensão das discussões que ocorreram nos últimos meses. A necessidade de manter sigilo extremo e apenas um número reduzido de pessoas envolvidas foi um dos detalhes mais citados por fontes próximas.

Joe Biden também teve um papel ativo no processo. O presidente passou a aumentar a pressão sobre Netanyahu para buscar uma suspensão dos ataques e argumentou que uma pausa mais estendida seria necessária para garantir a libertação dos reféns. A viagem do presidente aos países envolvidos nas negociações foi outro ponto crucial do processo que exigiu intensos esforços diplomáticos. A ajuda do Catar no resgate de duas reféns americanas, classificado como “um projeto piloto” para as negociações gerais, por exemplo, foi vista como um passo positivo para o desenrolar posterior das negociações.

No entanto, as idas e vindas e os contratempos também foram eventos marcantes durante o processo. A promessa inicial de um acordo foi cancelada após um incidente em que um hospital em Gaza foi atacado pelas forças israelenses, o que desestabilizou as negociações. Mas, após um esforço redobrado e mais pressão diplomática de Biden e sua equipe, o acordo que prevê uma trégua de pelo menos quatro dias nos combates foi finalmente aprovado pelo governo israelense. Caso a trégua seja mantida, será a interrupção das hostilidades mais longa desde que os ataques do Hamas em 7 de outubro levaram Israel a promover um bombardeio em Gaza.

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