Os números também revelaram que as fugas têm endereço, gênero e raça. De acordo com dados do SOS Crianças Desaparecidas referentes a outubro, 64% dos desaparecimentos são de meninas, e a maioria dos desaparecidos é negra ou parda, representando 72% dos casos. Além disso, a cor negra também é maioria entre os desaparecidos que são encontrados mortos, com 58% dos casos. Os números mostram que os 13 municípios da Baixada e a capital fluminense concentram 49,5% dos casos, enquanto as outras 78 cidades do estado somam 50,5% das ocorrências.
A promotora do Ministério Público, Roberta Ribeiro, pontuou a vulnerabilidade social das crianças e adolescentes que fogem de casa, destacando a inércia das instituições em lidar com esse fenômeno. Por outro lado, o Coordenador do Laboratório de Estudos da Violência e Vulnerabilidade Social da Universidade Mackenzie, Marcelo Neuman, apontou algumas causas para as fugas, como a rebeldia das crianças e a falta de acolhimento nos lares, além da não aceitação da orientação sexual ou religiosa pelos responsáveis.
Um dos obstáculos no trabalho de busca dos desaparecidos é a priorização da polícia em ir atrás dos suspeitos em vez de encontrar a criança desaparecida, como apontou o defensor público Rodrigo Azambuja. Ele também ressaltou a importância de uma mudança de lógica por parte das autoridades policiais.
Durante o evento, foi lançada uma cartilha sobre como registrar e prevenir desaparecimentos, com recomendações como manter a criança sob supervisão constante de um adulto e nunca deixá-la sozinha, especialmente em locais públicos. A cartilha pode ser acessada no site do evento.