Essas disparidades na mortalidade materna entre negras e brancas são uma realidade constante no país. Durante a pandemia, em 2020 e 2021, as proporções aumentaram ainda mais, com 194,8 mortes para mulheres negras e 121 para mulheres brancas em 2021. No ano anterior, os números eram de 127,6 para negras e 64,8 para brancas.
Segundo o estudo, há uma série de causas para essa disparidade, como pré-natal tardio, doenças, gestação precoce, local de internação e peregrinação para conseguir realizar o parto. Um dos fatores apontados é que 13,4% das mulheres pretas e pardas iniciam o pré-natal apenas no segundo trimestre da gravidez, considerado tardio, enquanto o percentual entre as brancas é de 9,1%.
Além disso, as mulheres negras e pardas apresentam maiores índices de hipertensão arterial grave e pré-eclâmpsia grave durante a gestação. Também é destacado que a maioria das grávidas pretas e pardas tem entre 10 e 19 anos, enquanto as brancas são maioria nos casos de gestações após 35 anos.
Diante desse cenário, o Brasil assumiu o compromisso das Nações Unidas de reduzir a razão para 30 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivos até 2030. O Ministério da Saúde informa que medidas estão sendo adotadas para reverter esse cenário, como a construção de 30 maternidades e 30 centros de parto normal, a contratação de 30 mil profissionais pelo Mais Médicos e o repasse de R$ 870 milhões a estados e municípios para custeio de equipes multiprofissionais.
Diante dessa realidade, é urgente que ações efetivas sejam colocadas em prática para reduzir as disparidades na mortalidade materna entre mulheres negras e brancas, garantindo um pré-natal de qualidade, maior acesso a serviços de saúde e a promoção de políticas públicas que atendam às necessidades específicas dessas mulheres.