Os dias de pausa nos combates na Faixa de Gaza, combinados para inicialmente durarem apenas quatro dias, mas posteriormente foram expandidos para seis, apresentaram a primeira perspectiva do fim do conflito desencadeado pelos ataques do Hamas a partir de 7 de outubro, que matou 1.2 mil pessoas em Israel e 15 mil no território palestino.
Enquanto isso, os protagonistas do conflito – Israel, Hamas, Autoridade Nacional Palestina e outros governos – se encontram diante de dilemas complicados de solucionar. A curto prazo, a trégua foi positiva para todos os envolvidos, proporcionando o resgate de dezenas de reféns mantidos pelo Hamas e contribuindo para a entrega de assistência humanitária à população de Gaza, que foi atormentada durante semanas.
A trégua também foi comemorada pelos governos do mundo, líderes políticos e organizações internacionais. No entanto, há indefinição sobre a duração do cessar-fogo, com autoridades israelenses determinando um “limite” a qualquer extensão subsequente de dez dias. O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, assegurou que, quando a trégua terminar, a operação militar seria retomada com força total, prometendo acabar com o Hamas e libertar os reféns.
Desde o início da guerra, Israel não conseguiu demonstrar que semanas de bombardeios e combates terrestres foram capazes de enfraquecer o grupo Hamas e suas capacidades de conduzir ataques futuros. Relatos de alguns dos reféns libertados sugerem que há sinais de que a rede de túneis, centro vital da organização, continua operante. Falando sobre a liderança de Yahya Sinwar, o líder do Hamas, a mídia de Israel confirmou que ele se encontrou com alguns reféns de Israel no cativeiro.
Nessa perspectiva, os dilemas para Israel são complexos. A retomada dos ataques significaria que novas libertações de reféns estariam fora de questão por um período. Além disso, a segurança dos reféns seria comprometida, com muitos cativeiros em Gaza localizados perto das áreas de combate. Tal situação tem sido descrita como “atípica” pelos líderes da região.
Ademais, a retomada dos ataques pode elevar o número de vítimas civis, intensificando as pressões internacionais sobre Netanyahu. A vasta maioria dos líderes ocidentais foi vista defendendo o fim das hostilidades, como o presidente francês Emmanuel Macron, e sinais de mudança na abordagem dos EUA em relação à guerra têm sido detectados.
Portanto, a guerra em Gaza tem implicações políticas significativas, tanto para Israel quanto para o primeiro-ministro Netanyahu, que já estava sob pressão pelas ruas de Israel antes do início da guerra. Uma pesquisa recente revelou que a popularidade de Netanyahu declinou drasticamente e que a sua posição como líder do país está em risco. Agora, mais do que nunca, a questão se torna parte integrante das eleições do próximo ano.
Como esperado para líderes em tempos de guerra, Netanyahu começou a perder popularidade, e pesquisas mostram que Wikud, seu partido, sofreria uma derrota esmagadora nas eleições. Mais da metade dos entrevistados afirmou preferir que o rival de Netanyahu, Benny Gantz, comande o país. Por isso, a guerra em Gaza excede a questão de um conflito para destruir o inimigo, tornando-se uma oportunidade derradeira para Netanyahu salvar a sua vida política.
Por fim, enquanto há uma legítima preocupação humanitária com a guerra em andamento, o embate político inclui o cálculo das eleições do próximo ano. Líderes em todo o mundo estão observando atentamente, deixando claro que a guerra em Gaza é muito mais que a disputa entre Israel e Hamas, mas que também inclui implicações políticas e mudanças de liderança.
Por fim, Netanyahu está diante de um dos momentos mais complexos e cruciais dos últimos sete tempo, e a resolução da guerra em Gaza terá repercussões significativas para o país.