De acordo com os dados consolidados na plataforma MapBiomas Alerta, a área desmatada no bioma durante os primeiros oito meses do ano foi de 9.216 hectares, em comparação com os 22.240 hectares registrados no mesmo período de 2022.
A tendência de redução do desflorestamento no bioma já vinha sendo observada desde o início do ano. Dados anteriores, divulgados em julho, indicavam uma queda de 42% até o final de maio. A redução surpreendeu o diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, que destacou a reversão da tendência de aumento do desmatamento nos últimos anos.
Guedes Pinto ressaltou que estados como Paraná e Santa Catarina, que costumam ser líderes do desmatamento, tiveram uma queda expressiva em torno de 60%. Ele atribuiu essa redução ao aumento da fiscalização e dos embargos, bem como à restrição de acesso a crédito para produtores que promovem o desmatamento.
No entanto, o diretor executivo alertou para um aumento do desmatamento nos chamados encraves da Mata Atlântica, localizados nos territórios de Cerrado e Caatinga. Entre janeiro e maio de 2023, as derrubadas nesses enclaves aumentaram, respectivamente, em 13% e 123%. Ele ressaltou a importância de uma ação mais contundente do poder público nessas regiões para combater esse aumento.
Apesar da mudança de tendência, Guedes Pinto reforçou que qualquer desmatamento na Mata Atlântica é prejudicial e que a expectativa é alcançar o desmatamento zero no bioma. Ele também defendeu a aplicação rigorosa da Lei da Mata Atlântica nos encraves, e destacou que as áreas protegidas pela legislação incluem todas as formações florestais nesses enclaves.
Em meio a essa mudança, Guedes Pinto chamou a atenção para uma disputa jurídica sobre a abrangência da lei nas áreas de encraves, afirmando que os órgãos ambientais estaduais e municipais precisam aplicar adequadamente a legislação.
Diante desse cenário, fica evidente a importância de medidas mais rigorosas para combater o desmatamento e garantir a preservação da Mata Atlântica como um dos biomas mais ameaçados do Brasil, apesar das melhorias registradas nos últimos meses.