Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino: 44 anos após a criação, conflito é relembrado em cidades pelo mundo.

Em 1977, a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou a resolução 32/40 B, criando o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, a ser comemorado todo 29 de novembro. A data foi estabelecida dias após condenar a manutenção da ocupação militar de Israel nos territórios palestinos. Este ano, a lembrança do dia ganha ainda mais relevância devido à atual escalada do conflito no Oriente Médio.

O dia 29 de novembro foi escolhido por ser a mesma data da aprovação da resolução 181 da ONU, de 1947, que recomendou a partilha da Palestina entre judeus e árabes. Passados 30 anos dessa resolução, em 1977, os palestinos continuavam sem Estado e sob ocupação militar de Israel. A ONU criou o dia para prestar solidariedade ao povo palestino.

A resolução que estabeleceu a data afirmou que é necessária para dar uma “maior divulgação possível de informações sobre os direitos inalienáveis do povo palestino e sobre os esforços das Nações Unidas para promover a realização desses direitos”.

De acordo com o professor de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) Bernardo Kocher, a criação da data se deu pelo apagamento que a questão palestina sofreu após a criação do Estado de Israel. Estima-se que 750 mil palestinos precisaram deixar suas terras e mais de 500 aldeias palestinas foram destruídas em consequência dos conflitos decorrentes da criação de Israel.

Kocher explicou que a história da criação de Israel foi contada como uma compensação ao Holocausto, resultando no apagamento da história dos palestinos. Fatores como a entrada na ONU de países recém-independentes da África e do mundo árabe, o contexto da Guerra Fria e a crise do capitalismo da década de 1970 ajudaram a aumentar a visibilidade da causa palestina.

Entre as ações da ONU em favor da causa palestina, destacam-se a Resolução 194 de 1948, que autorizou o retorno dos palestinos às suas terras, mas nunca foi cumprida, e a Resolução 242 de 1967, que determinou “a retirada das forças armadas israelitas dos territórios que ocuparam”. Ao mesmo tempo, a construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia continuou, e hoje existem 300 colônias consideradas ilegais, segundo a ONU.

De forma a dar visibilidade à causa do povo palestino, a ONU criou, em 1949, a Agência para Refugiados Palestinos (UNRWA), e mantém, desde 1993, um relator especial sobre direitos humanos nos territórios palestinos ocupados.

No último informe, a relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, citou uma série de supostas violações de direitos humanos sofridas pelas crianças palestinas, em especial devido às prisões. De acordo com o relatório da ONU, desde 2000, cerca de 13 mil crianças palestinas foram detidas, interrogadas, processadas e presas pelas forças de ocupação israelenses, com uma média de 500 a 700 crianças detidas anualmente. Este é um exemplo das dificuldades que o povo palestino enfrenta e que motivaram a criação do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.

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