A violência na Amazônia é parte de um contexto mais amplo, que inclui o desmatamento desenfreado e a exploração ilegal de minérios, bem como os conflitos fundiários e a presença crescente de facções criminosas operando especialmente no narcotráfico. A disseminação dessas facções na região é um fenômeno que se consolidou há cerca de uma década, gerando crescimento dos homicídios e ameaçando ainda mais o modo de vida dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
O estudo aponta também para a alta taxa de feminicídios nos municípios amazônicos, que foi de 1,8 por 100 mil mulheres, 30,8% maior do que a média nacional. Além disso, a violência sexual também apresentou taxas mais altas na região do que no restante do país, com a soma das ocorrências de estupro e estupro de vulnerável chegando a 49,4 vítimas para cada 100 mil pessoas em 2022.
O problema do crime organizado na Amazônia também é preocupante, com pelo menos 22 facções da região presentes em todos os estados amazônicos. A fronteira amazônica possui a maioria dos municípios que são objeto de disputa territorial por facções, representando um desafio significativo para a segurança na região.
Além disso, o estudo identificou um crescimento significativo nos crimes ambientais na Amazônia Legal, incluindo desmatamento, comércio de madeira ilegal, incêndios criminosos e grilagem. O estímulo por parte do governo federal e o aumento do preço do ouro durante a pandemia de COVID-19 contribuíram para o que pode ser visto como uma “nova corrida do ouro” na região. A exploração do ouro também está diretamente ligada ao aumento da violência e dos conflitos na Amazônia.
Diante desse cenário, medidas eficazes precisam ser tomadas para combater a violência e os crimes na Amazônia Legal, enfrentando não apenas os problemas emergentes, mas também as causas estruturais que contribuem para esse contexto preocupante.