Moradores de Maceió protestam contra falta de acordo de compensação por possível afundamento de mina da Braskem

Nesta sexta-feira (1º), moradores de bairros vizinhos à mina da petroquímica Braskem, localizada em Maceió (AL), realizaram um protesto para denunciar a falta de acordo de compensação para sair das áreas que podem ser afetadas pelo possível afundamento da mina de exploração de sal-gema. Os manifestantes fecharam todas as vias de acesso ao bairro de Bebedouro, em uma tentativa de chamar a atenção das autoridades para suas reivindicações.

As comunidades dos Flexais, localizadas próximas à mina, estão sofrendo com um cenário de isolamento social desde 2019, quando houve o deslocamento de cinco bairros vizinhos. Atualmente, para chegar até as comunidades afetadas, é necessário passar por regiões que se tornaram verdadeiros “bairros fantasmas” após o desalojamento da população.

Maurício Sarmento, líder comunitário da região, denunciou que não há um plano claro para a retirada dos moradores das comunidades de Flexal de Cima e Flexal de Baixo. Ele ressaltou que existe um tratamento diferenciado por parte da prefeitura e da Braskem em relação a outros bairros da cidade que foram afetados pela mina, nos quais já houve a retirada de moradores e o pagamento de indenizações.

Sarmento enfatizou que os moradores não querem ser realocados em abrigos públicos, pois consideram o que aconteceu como um crime, não um acidente, e exigem sair das áreas afetadas com dignidade e receber uma indenização justa. Ele classificou a situação como um exemplo de racismo ambiental, afirmando que as comunidades afetadas estão sofrendo discriminação.

Outra moradora, Malbete dos Santos Correia, de 54 anos, também reclamou do tratamento diferenciado em relação a outros bairros. Mesmo sem querer deixar o local onde vive desde que nasceu, ela está considerando a possibilidade de ir para a casa de parentes, pois não tem condições de alugar outro imóvel. Ela lamentou a falta de estrutura na região, com a ausência de estabelecimentos comerciais, e salientou que não deseja ficar nos alojamentos disponibilizados pela prefeitura.

De acordo com a Defesa Civil de Maceió, a velocidade de afundamento da mina 18, que fica abaixo do antigo campo de treinamento do clube de futebol CSA, no bairro do Mutange, é de 2,6 centímetros por hora. Isso representa um risco iminente de afundamento do solo e dos imóveis da região.
A Prefeitura de Maceió informou que tem disponibilizado abrigos para acolher a população de forma emergencial, diante do risco iminente de colapso da mina 18 da Braskem. Além disso, foi solicitado apoio ao governo federal para garantir moradias à população desalojada. A administração municipal reafirmou o compromisso de cobrar de todos os envolvidos, incluindo a Braskem, que todos os direitos da população afetada sejam garantidos.

Até o momento, a Braskem não se manifestou sobre as demandas dos moradores. A empresa afirmou que está seguindo o mapa de linhas prioritárias de realocação das famílias definido pela Defesa Civil e destacou que está apoiando a realocação emergencial dos moradores dos imóveis que ainda resistiam em permanecer na área de desocupação. Vale ressaltar que a exploração de sal-gema subterrâneo ocorre há 40 anos em Maceió, com a suspensão das atividades das 35 minas de exploração em 2019, o que resultou na remoção de mais de 60 mil pessoas dos bairros afetados.

O protesto dos moradores acabou impactando na operação dos trens e VLTs da Companhia Brasileira de Trens Urbanos de Maceió, que teve que interromper temporariamente suas atividades. A empresa destacou que será necessário realizar reparos na via dos trilhos devido às manifestações, e que a paralisação temporária permanecerá durante o sábado (2). A interrupção foi justificada como uma medida necessária para garantir a segurança dos funcionários e usuários do sistema ferroviário.

Diante desse cenário, as demandas dos moradores das comunidades próximas à mina da Braskem em Maceió ganham destaque e exigem atenção das autoridades, a fim de garantir a segurança e a dignidade dessas pessoas afetadas.

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