Pesquisa da Unicef revela que mais de metade dos jovens vivendo com HIV aprovam acolhimento em serviços de saúde no Brasil

Pesquisa divulgada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que mais de 50% dos jovens que vivem com HIV no Brasil aprovam o acolhimento recebido nos serviços de saúde do país. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (1º), data em que é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids.

A pesquisa intitulada “Nós somos a resposta: o que adolescentes e jovens que vivem com HIV/aids pensam sobre o acesso aos serviços de saúde no Brasil” revelou que 64% dos entrevistados avaliaram positivamente o acolhimento recebido, enquanto 35,7% o classificaram como razoável ou ruim. No entanto, cerca de 20% dos jovens afirmaram ter enfrentado situações de desrespeito, privacidade comprometida e desconforto durante o atendimento nos serviços de saúde.

Além disso, a pesquisa também apontou que 13% dos entrevistados tiveram seus diagnósticos revelados sem consentimento pela equipe de saúde e 20% foram orientados a não ter relações sexuais. Luciana Phebo, chefe de saúde do Unicef no Brasil, enfatizou a importância da comunicação sigilosa dos resultados dos exames de HIV, ressaltando que é uma exigência legal.

Quanto ao acesso aos serviços de saúde, a pesquisa revelou que 21% dos jovens entrevistados levam mais de uma hora para chegar aos locais de atendimento, o que pode impactar a adesão ao tratamento, de acordo com Phebo. Ela ainda ressaltou que, apesar das dificuldades, o tratamento é fundamental para interromper a transmissão do vírus.

No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou que em 2022 foram registrados 43.403 novos casos de infecção por HIV. A Unesco destacou a importância do sistema público de saúde e de realização do tratamento, afirmando que 89,4% dos entrevistados realizaram o teste de carga viral nos últimos 12 meses e estavam indetectáveis.

No entanto, a pesquisa aponta desafios em relação ao preparo dos profissionais de saúde para lidar com pessoas vivendo com HIV, escassez de informações e falta de clareza na comunicação sobre o tratamento. “Uma coisa que os jovens levantaram é a importância do acompanhamento psicológico durante o tratamento. São momentos impactantes. Outra questão é a expansão dos atendimentos. O acesso ao serviço de saúde é uma barreira para os jovens se manterem no tratamento”, avaliou Phebo.

Os dados levantados pela pesquisa podem ser úteis para orientar políticas públicas e outras ações capazes de transformar as unidades de saúde em espaços acolhedores para adolescentes e jovens, respeitando seus direitos em relação aos serviços de saúde.

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