Repórter Recife – PE – Brasil

Na COP28, países anunciam a criação de fundo para compensar nações vulneráveis às mudanças climáticas, mas questionamentos ainda pairam.

Nesta segunda-feira, primeiro dia da Conferência das Nações Unidas para Mudanças do Clima de 2023 (COP28), os países reunidos anunciaram a criação do Fundo de Perdas e Danos para recuperar os danos causados pela crise climática. A medida, por sua vez, representa uma vitória significativa após 30 anos de luta pela criação do mecanismo.

As doações voluntárias de países como Japão, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Alemanha somam US$ 420 milhões, e o fundo será administrado por um conselho formado por 26 membros, que incluem representantes de 12 países desenvolvidos e 14 países pobres ou emergentes. Segundo o documento aprovado na COP28, o Fundo fornecerá financiamento para lidar com uma variedade de desafios associados aos efeitos adversos das mudanças climáticas.

No entanto, a falta de definição sobre quem irá financiar o fundo e como será o acesso a esse dinheiro ainda gera dúvidas sobre a efetividade da política, de acordo com especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Stela Herschmann, coordenadora adjunta de Política Internacional do Observatório do Clima, destacou que o anúncio do Fundo foi uma vitória importante, mas ponderou a incerteza sobre se o Banco Mundial atenderá os países vulneráveis e se haverá recursos suficientes para reparar os danos causados pela mudança climática.

A ambientalista Natalie Unsterstell, presidente do Instituto Talanoa, destacou que a criação do fundo foi um avanço, apesar de reconhecer que os recursos ainda são insuficientes. Um exemplo disso é o caso de Tuvalu, país formado por 11 ilhas no Oceano Pacífico que corre o risco de desaparecer devido ao aumento do nível do mar causado pelo derretimento das calotas polares.

Por outro lado, Flávia Martinelli, especialista em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, ressaltou que a operacionalização do fundo pelo Banco Mundial gera preocupações, já que os países em desenvolvimento prefeririam que fosse criado um mecanismo mais independente. Já o biólogo Roberto Waack, membro da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, considerou que o Banco Mundial é um ator natural e eficiente para gerir o fundo.

Certamente, a criação do Fundo de Perdas e Danos é um passo significativo na luta contra as mudanças climáticas, mas ainda há desafios a serem superados, principalmente em relação à operacionalização e financiamento. A COP28 continua sendo um marco histórico para o desenvolvimento de políticas que visam enfrentar os desafios do aquecimento global e proteger as nações mais vulneráveis aos impactos das transformações climáticas.

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