Venezuela realiza referendo consultivo para reivindicação sobre o Essequibo, território rico em recursos naturais controlado pela Guiana.

Neste domingo (3), a Venezuela realizou um referendo consultivo com o objetivo de fortalecer uma reivindicação centenária sobre o Essequibo, um território rico em petróleo e recursos naturais que atualmente está sob controle da Guiana. A votação convocou cerca de 20,7 milhões de 30 milhões de venezuelanos, que foram chamados para participar do processo.

No entanto, vários centros de votação em cidades como Caracas, San Cristóbal e Ciudad Guayana, registraram um baixo fluxo de eleitores ao longo do dia. A autoridade eleitoral decidiu estender o horário de votação por duas horas extras, até as 20h locais, alegando que os cidadãos continuavam participando no momento do encerramento.

O referendo consultivo, que não é vinculante, não se trata de autodeterminação, uma vez que o território em questão é administrado pela Guiana, e seus 125 mil habitantes não têm direito a voto. O objetivo da consulta é reforçar a reivindicação da Venezuela sobre o território, que busca apoio para negar a possibilidade de intervenção militar para anexar a zona à força.

O presidente Nicolás Maduro, que busca a reeleição em 2024, compareceu a seu centro eleitoral para votar. Ele destacou a importância da união do país em torno da questão do Essequibo. Maduro argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural, apelando ao Acordo de Genebra, assinado em 1966, que lançou as bases para uma solução negociada e anulou uma decisão de 1899, que definiu os limites defendidos pela Guiana.

Por outro lado, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, pediu aos seus compatriotas que não temessem a situação, destacando a importância de demonstrar maturidade e responsabilidade na disputa territorial.

A reivindicação da Venezuela em relação ao Essequibo tem se intensificado desde que a empresa ExxonMobil descobriu petróleo no local em 2015, o que levou a Guiana a ter reservas comparáveis às do Kuwait. As trocas de declarações e movimentações de tropas têm aumentado a tensão entre os dois países.

A baixa participação no referendo pode refletir a polarização política na Venezuela. Enquanto alguns destacam o interesse em mostrar uma posição firme, outros afirmam que a disputa não afeta em nada a reivindicação venezuelana.

Diante desse cenário, o ex-ministro chavista e ex-vice-chanceler Alejandro Fleming destacou a importância de alcançar um consenso político para a resolução do conflito. Enquanto isso, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva expressou a esperança de que o bom senso prevaleça na disputa territorial e pediu que não haja conflito na região.

Assim, a votação na Venezuela sobre o Essequibo continua gerando tensões e incertezas geopolíticas na região. O desfecho desse referendo consultivo pode impactar as relações entre os dois países e ter desdobramentos significativos no futuro.

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