O governo venezuelano tem incentivado os eleitores a votar “sim” para todas as perguntas. A primeira questão proposta é se a Venezuela deve rejeitar a fronteira atual entre os dois países e, ao invés disso, defender que o novo limite seja o rio Essequibo. Atualmente, a Guiana exerce controle efetivo sobre os 160 mil quadrados a oeste do rio Essequibo, desde a demarcação da fronteira em 1905, enquanto ainda era uma colônia britânica.
A Venezuela não reconhece a fronteira devido ao Laudo Arbitral de Paris, alegando que foi determinada fraudulentamente em 1899. Mesmo que os venezuelanos tenham aceitado a mediação do tribunal arbitral e o resultado do laudo por várias décadas, atualmente, eles reivindicam a região como sua. Além disso, o referendo também questiona se os venezuelanos concordam que Essequibo se torne efetivamente um estado da Venezuela, além de conceder cidadania venezuelana a todos que vivem atualmente nessa área.
Outro ponto de consulta é se os venezuelanos concordam em opor-se, “por todos os meios, conforme a lei”, à pretensão da Guiana de dispor unilateralmente de um mar pendente de delimitação, o que inclui parte do campo de Stabroek, com reservas estimadas em cerca de 11 bilhões de barris de petróleo.
A controvérsia sobre a fronteira entre a Venezuela e a Guiana está sendo analisada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, mas a Venezuela não aceita a jurisdição do tribunal sobre o tema. Para os venezuelanos, o único instrumento válido sobre a questão da fronteira é o Acordo de Genebra, de 1966, assinado meses antes da independência da Guiana, entre Venezuela e o antigo poder colonial, prevendo alternativas pacíficas para resolver a controvérsia.
O Brasil, país vizinho do território em questão, deseja que as duas nações encontrem uma solução diplomática e pacífica, mas acompanha a tensão entre Venezuela e Guiana de perto. O Ministério da Defesa reforçou as fronteiras com ambos os países, ampliando o número de militares na região em meio à disputa territorial.
