Nascido em 1959, no Vale do Rio Berlengas, em um povoado que hoje é parte da cidade de Francinópolis, Bispo foi o primeiro membro de sua família a ser alfabetizado, apesar de formalmente só ter completado o ensino fundamental. Ele era considerado por muitos um dos maiores intelectuais quilombolas do Brasil e publicou dois livros, Quilombos, modos e significados (2007) e Colonização, Quilombos: modos e significados (2015), além de diversos artigos e poemas.
O antropólogo José Jorge de Carvalho, professor aposentado da UnB, ao escrever a apresentação do primeiro livro de Bispo, afirmou que a obra trazia “uma perspectiva nova no campo de ensaios de interpretação do Brasil: a visão dos quilombos, comunidades de negros que se rebelaram contra a violência do regime escravo e se tornaram historicamente um símbolo maior da luta dos povos do Novo Mundo contra a escravidão e o racismo e pela afirmação de comunidades autossustentáveis.”
Além de sua atuação intelectual, Bispo trabalhou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), entidade que lamentou a morte do ativista, destacando a perda de “uma voz singular e significativa no âmbito da literatura e do pensamento quilombola.”
Diversas autoridades também lamentaram o falecimento de Bispo, incluindo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra destacou a importância de sua obra, enfatizando que “seu legado permanecerá inspirando um grande caminho de luta pelo reconhecimento, valorização e preservação da cultura e identidade do povo quilombola.”
O intelectual deixa um legado inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola, que será lembrado e reverenciado por gerações. Este momento de despedida é também um momento de honrar e perpetuar suas ideias. Que sua memória inspire e ilumine o caminho daqueles que seguem a luta pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas.