Repórter Recife – PE – Brasil

Desmatamento ameaça vegetação campestre do Pampa Sul-Americano, bioma entre Brasil, Argentina e Uruguai, com 20% de perda em 38 anos.

Vegetação do Pampa Sul-Americano sofre redução de 20% em 38 anos

Uma análise a partir de imagens de satélite feitas pela MapBiomas Pampa, uma rede colaborativa de especialistas dos três países que compõem o Pampa Sul-Americano, revelou que a vegetação campestre do bioma teve uma perda de 20%, o que corresponde a 9,1 milhões de hectares de campos nativos, entre os anos de 1985 a 2022.

De acordo com os dados, 66% das áreas mapeadas estão na Argentina (72 milhões de hectares), 18% no Brasil (19,4 milhões de hectares) e 16% no Uruguai (17,8 milhões de hectares). O Pampa Sul-Americano ocupa 6,1% do território da América do Sul.

Os números mostram que menos da metade do Pampa é coberta pela vegetação nativa, sendo que a maior parte é composta pela vegetação campestre, que ocupa 32% do território e é tradicionalmente usada para a pecuária.

Entretanto, o que preocupa os especialistas é que 48,4% da região está sendo convertida para a produção agrícola, pastagens plantadas ou silvicultura. Durante o período analisado, houve um aumento de 15% das áreas de agricultura e silvicultura, o que equivale a 8,9 milhões de hectares.

O biólogo Eduardo Vélez, integrante da equipe MapBiomas Pampa, ressaltou que nas últimas décadas houve um aumento expressivo nos preços internacionais de commodities, o que levou a região a migrar de uma pecuária de corte para a cultura da soja, em busca de maiores ganhos econômicos. Esse fenômeno ocorreu nos três países, com maior ou menor intensidade, sendo o Brasil o mais afetado em termos de proporção, perdendo 2,9 milhões de hectares, o que corresponde a 32% da área que existia em 1985.

A pecuária do Pampa, segundo o biólogo, é diferente da produzida em outras regiões do Brasil, pois convive de forma harmônica com a vegetação nativa, o que permite uma produção neutra de carbono e uma carne mais saudável. Porém, a perda do uso da vegetação campestre prejudica também a produção da chamada carne verde, que começa a perder competitividade econômica.

A Argentina foi o país que teve a maior perda absoluta da vegetação campestre, perdendo 3,7 milhões de hectares em 38 anos, o que corresponde a 16% da área total de 1985. Já no Uruguai, 2,5 milhões de hectares foram perdidos, resultando em uma redução de 20% na área total de vegetação.

A área do Pampa Sul-Americano está dividida entre a metade sul do Rio Grande do Sul, todo o Uruguai e parte da Argentina ao sul do Rio da Prata. A região é caracterizada pelo predomínio da vegetação nativa herbácea, com um clima que varia de subtropical a temperado.

A análise anual da cobertura e do uso da terra do Pampa foi feita usando imagens de satélite Landsat e computação em nuvem por meio da plataforma Google Earth Engine (GEE). A iniciativa faz parte da Rede MapBiomas, que teve início em 2015 com o MapBiomas Brasil.

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