Possível ação militar da Venezuela na Guiana é improvável, diz especialista ao Globo, que também destaca reforço militar brasileiro e contexto histórico da disputa.

Tensões fervem na fronteira entre Venezuela e Guiana após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, manifestar a intenção de recuperar o Essequibo, uma região reivindicada por Guiana. As declarações de Maduro têm causado preocupação nos especialistas devido à tensão de um possível conflito.

O cenário atual, no entanto, não indica uma invasão em território brasileiro para acessar o Essequibo, de acordo com afirmativas de especialistas. Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, afirmou que um conflito na Panamazônia teria grande impacto nas relações estratégicas na região.

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Outra possibilidade seria uma ação aeronaval, mas também enfrenta riscos operacionais, de acordo com o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em Ciências Militares.

O especialista destacou a desigualdade entre as forças militares venezuelanas e guianenses em um confronto armado hipotético. Enquanto a Venezuela é um dos países que mais investe na área militar, Guiana está posicionada apenas na 152ª posição do The World Factbook, da CIA.

O cientista político e professor de relações internacionais, Maurício Santoro, reconheceu que um ataque da Venezuela em Guiana é possível, porém improvável devido ao risco de sanções internacionais e as necessidades políticas de Maduro.

Em relação ao Brasil, o Exército se posicionou com o envio de 20 blindados para Pacaraima em Roraima devido a tensão na fronteira devido a disputa pela região de Essequibo. A medida de precaução envolve o combate ao garimpo ilegal, conforme afirmou o ministro da Defesa, José Mucio.

Um regimento do Exército também passa por aumento de efetivo na fronteira visando reforçar a capacidade de atuação militar em uma possível situação de tensão.

A disputa entre Venezuela e Guiana pelo Essequibo remonta ao século XIX, marcando um conflito histórico entre as nações. A área é rica em petróleo e a Guiana se apoia no laudo arbitral de Paris de 1899, enquanto a Venezuela recorre ao Acordo de Genebra de 1966.

A crise na região está em alerta no Itamaraty, que busca soluções pacíficas e evita um agravamento da situação.Todo o caso traz à tona uma série de complexas questões geopolíticas, que fazem lembrar que disputas territoriais estão sempre à espreita, podendo se inflamar a qualquer momento.

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