Seis jovens condenados na França por envolvimento no assassinato do professor Samuel Paty em 2020.

Seis jovens foram condenados, na França, a penas de 14 meses de prisão sob sursis a seis meses de prisão efetiva, comutada pelo uso de uma tornozeleira eletrônica, por sua participação no assassinato, em 2020, do professor de história Samuel Paty, por um jovem jihadista.

O caso chocou a França e teve um desfecho nesta sexta-feira (8), quando as sentenças foram proferidas considerando tanto “a gravidade dos fatos” como “a personalidade” e “a evolução” dos detidos, que tinham entre 14 e 15 anos no momento do crime, de acordo com as informações fornecidas pelo tribunal de menores após duas semanas de audiências a portas fechadas.

O assassinato de Paty foi um acontecimento que gerou comoção na França em 16 de outubro de 2020, quando Abdoullakh Anzorov, um refugiado russo de origem chechena, de 18 anos, esfaqueou e decapitou o professor de 47 anos perto do centro onde lecionava, ao noroeste de Paris. O jovem culpava Paty por ter mostrado caricaturas de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão.

Anzorov, morto pouco depois pela polícia, explicou em uma mensagem de reivindicação do crime que pretendia “vingar o profeta”. As sentenças proferidas nesta sexta-feira estão globalmente de acordo com as demandas do Ministério Público antiterrorista. Cinco dos seis adolescentes foram acusados de terem vigiado a escola e indicado ao agressor quem era o professor, em troca de dinheiro.

Quatro deles foram condenados a penas de 14 a 18 meses de prisão sob sursis com períodos sob supervisão; outro foi condenado a dois anos de prisão, com seis meses de prisão efetiva, mas comutada pelo uso de uma tornozeleira eletrônica. A sexta acusada, que tinha 13 anos no momento dos fatos, foi condenada a 18 meses de prisão sob sursis por denúncias caluniosas por ter afirmado falsamente que Paty pediu aos alunos muçulmanos que saíssem da sala antes de mostrar as caricaturas.

As penas proferidas nesta sexta-feira não foram bem recebidas pelos advogados dos familiares de Paty, que consideraram que elas não estavam “à altura” e passavam “um sinal ruim”. “Um homem decapitado em uma rua não é pouca coisa” e “não vejo este arrebatamento unânime da justiça, não vejo esta revolta”, reagiu Virginie Le Roy, advogada dos pais e de uma irmã do professor.

A ex-mulher e mãe do filho de Paty também está “consternada”, segundo seu advogado, Francis Szpiner. O caso Paty marcou episódio de mais um caso de violência associada a extremismo islâmico na França, e é um reflexo das tensões culturais na sociedade francesa. Em 13 de outubro passado, outro professor, Dominique Bernard, foi morto em Arras (norte) por um jovem islamista de origem russa, de 20 anos, que foi detido.

Em resumo, as penas aplicadas aos seis jovens foram consideradas brandas pelos familiares da vítima e há um sentimento de insatisfação no ar após o desfecho do julgamento, que coloca em xeque questões referentes à segurança pública, liberdade de expressão e luta contra o extremismo religioso na França.

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