Estudos brasileiros revelam vida na Antártica há 66 milhões de anos – fósseis de aves e folhas datam do Período Cretáceo.

Descobertas de fósseis na Antártica ajudam a compreender vida no continente

Dois estudos realizados por pesquisadores brasileiros, com base em fósseis encontrados na Antártica, têm o potencial de revolucionar a compreensão da vida no continente há mais de 66 milhões de anos. Os pesquisadores estudaram vestígios de ossos de aves e de folhas em duas ilhas antárticas, que datam do período Cretáceo, entre 145 e 66 milhões de anos atrás.

O primeiro estudo, realizado na ilha de Vega, contou com a participação de equipes do Museu Nacional do Rio de Janeiro, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade do Contestado, em Santa Catarina (UNC). Os cientistas localizaram dois fósseis de fragmentos de ossos de aves diferentes.

Analisando a anatomia dos ossos, os pesquisadores constataram que se trata de espécimes do grupo Neornithes, que inclui as aves modernas, ampliando o número de fósseis desses animais datados do Cretáceo. Isso contribui para elucidar as trajetórias evolutivas iniciais das aves modernas e sua resiliência durante o evento de extinção do Cretáceo-Paleogeno, que extinguiu os dinossauros.

Os pesquisadores afirmam que a Antártica, que no Cretáceo tinha um clima mais ameno e não era coberta de gelo, pode ter servido de refúgio para os ancestrais das aves modernas durante o evento de extinção. A descoberta joga luz sobre a importância desse continente como um possível refúgio para a vida terrestre durante o cataclisma.

O segundo estudo também contou com uma equipe do Museu Nacional, além de pesquisadores das universidades Federal de Pernambuco (UFPE), do Contestado (UNC), Federal do Espírito Santo (UFES) e Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e foi realizado na Ilha Nelson, no arquipélago de Shetland do Sul. Os pesquisadores localizaram 15 fósseis de espécies vegetais do gênero Nothofagus, que contêm vestígios de interação de insetos com as plantas, principalmente túneis produzidos por pequenas larvas no interior das folhas.

Essas descobertas inéditas ajudam a entender melhor as relações ecológicas nos ecossistemas antárticos. Ambos os estudos foram publicados em novembro deste ano na revista Anais, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), e mostram a importância do investimento em pesquisa antártica por parte do Brasil.

O diretor do Museu Nacional, Alexandre Kellner, que coordena o projeto brasileiro de pesquisas de paleontologia na Antártica, afirmou que o Brasil precisa continuar investindo nessa área, pois o futuro do continente será decidido pelos países que mantêm atividade de pesquisa na região. Kellner ressaltou a importância das descobertas e enfatizou que o Brasil está no caminho certo, bastando investimentos adequados para permitir o avanço desse tipo de pesquisa.

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