Brasília recebe 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental, com foco na formulação de propostas para a Política Nacional de Saúde Mental.

A 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental reúne em Brasília cerca de 2 mil profissionais em busca de propostas para a Política Nacional de Saúde Mental. Um dos principais temas discutidos é o cuidado em liberdade e a garantia do direito à cidadania para pacientes com transtornos mentais.

O encontro, que teve início nesta segunda-feira (11) e segue até a quinta-feira (14), representa a primeira vez que a conferência ocorre em 13 anos. Entre especialistas e usuários do Sistema Nacional de Saúde Mental, a unanimidade é que os manicômios representam uma solução ineficaz para o tratamento de transtornos mentais. Em contrapartida, a absoluta maioria defende o tratamento em liberdade como uma alternativa mais eficaz.

Segundo Marisa Helena Alves, coordenadora adjunta da conferência e integrante dos conselhos Nacional de Saúde e Federal de Psicologia, os manicômios eram depósitos punitivos de pessoas, sem nenhum cuidado ou respeito aos direitos daqueles que lá viviam. A proposta do tratamento em liberdade é oposta a essa realidade, entendendo que a loucura é tratável e que a pessoa com transtornos mentais pode ser acolhida e tem potencial e capacidade para trabalhar.

Para Marisa, saúde mental envolve elementos como qualidade de vida, moradia, empregabilidade, bem-estar social, direitos e, principalmente, o cuidado em liberdade. Ela ressaltou a necessidade de retomar e reorganizar a política de saúde mental no país, após anos de descaso e 13 anos sem conferência.

Entre os desafios a serem enfrentados pela política a ser implementada está o de retirar “estigmas excludentes e o ranço histórico” que associam loucura a perigo. A ideia é direcionar o tratamento para cuidados em liberdade, oferecidos pelo SUS.

Helisleide Bomfim dos Santos, usuária do SUS Saúde Mental há 27 anos, defende a regionalização do tratamento e redes psicossociais locais para atendimentos emergenciais. Segundo ela, o manicômio não cura, mas sim tortura. A usuária enfatizou a importância do autocuidado, amor-próprio e autoestima como elementos colaborativos para a eficiência dos tratamentos, desde que realizados em liberdade.

A conferência também discutiu a necessidade de políticas públicas voltadas para os usuários do sistema e para os profissionais ligados a ele. A atenção especial aos profissionais de saúde é fundamental, já que têm uma rotina complicada, o que acaba resultando em um alto índice de adoecimento mental. As propostas a serem criadas na conferência devem também focar nesses profissionais, defende Helisleide.

Portanto, a mensagem principal da conferência é clara: o tratamento em liberdade é essencial para a garantia dos direitos e do respeito à cidadania das pessoas com transtornos mentais. A expectativa é que as discussões resultem em propostas eficazes para a Política Nacional de Saúde Mental.

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