Além disso, o mesmo estudo constatou que, em relação às turmas de ensino médio, as médias das porcentagens ao longo dos anos compreendidos foram, respectivamente, de 16,8% e 7,6%. Ou seja, a disparidade entre estudantes negros e brancos persistia, com uma média de 36% de estudantes negros apresentando distorção idade-série, em comparação a 19,2% entre os alunos brancos.
Apesar de uma queda da disparidade entre negros e brancos ao longo dos anos, a diferença ainda permaneceu, revelando a persistência da desigualdade no sistema educacional brasileiro. O estudo também apurou que, em média, 78,5% dos estudantes negros eram aprovados no ensino médio, em comparação com 85% dos estudantes brancos.
Um dos aspectos enfatizados pelo estudo foi a disparidade no perfil dos estudantes de instituições com maioria de ricos, onde duas em cada três alunos eram brancos. Além disso, a estrutura das escolas também impacta a qualidade da educação, com apenas 33,2% dos professores do ensino fundamental nas escolas predominantemente negras possuindo formação adequada, em comparação a 62,2% nas escolas com maioria de alunos brancos.
A presença de estudantes brancos que tinham acesso ao ensino particular, muitas vezes superior ao oferecido pela rede pública, era 2,6 vezes maior do que a de alunos negros. A pesquisa também destacou a disparidade no ingresso de mulheres negras nas universidades, em comparação com as mulheres brancas, indicando um cenário de desigualdade racial persistente.
Diante desses dados, o físico e docente Marcelo Tragtenberg ressalta a resistência no sistema educacional à equidade racial, afirmando que o Brasil está oferecendo ensinos diferentes para negros e brancos. “Os estudantes negros estão mais acumulados nas séries iniciais, não progridem na mesma velocidade que os brancos”, enfatiza Tragtenberg, destacando a persistência da desigualdade racial no sistema educacional brasileiro.