Desvalorização massiva da moeda pelo presidente Milei causará aceleração da inflação na Argentina, que já ultrapassou os 160% em 12 meses

A Argentina enfrenta uma situação econômica preocupante, com índices inflacionários alarmantes e uma desvalorização massiva da moeda. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (13), a inflação em 12 meses ultrapassou os 160% em novembro, antes mesmo da desvalorização massiva da moeda executada pelo presidente Javier Milei em seus primeiros dias de governo. A expectativa é que a medida provavelmente acelerará ainda mais os aumentos de preços no país neste mês.

Os preços ao consumidor subiram 12,8% em novembro em relação ao mês anterior, acima da estimativa média de 11,4% dos economistas entrevistados pela Bloomberg. Além disso, a inflação anualizada atingiu 160,9%, alcançando o nível mais alto desde a década de 1990, quando o país saía de uma hiperinflação.

As ações iniciais do novo presidente para lidar com a situação econômica incluem o fim do congelamento de preços de centenas de produtos, feito pelo governo anterior, que expirariam após as eleições, além de uma desvalorização oficial do peso em 54%. Essas decisões fizeram disparar as remarcações no comércio argentino nos últimos dias.

Os primeiros dias de dezembro já registraram aumentos de preços de 15% em relação ao mês anterior. A consultoria C&T Asesores prevê que a inflação pode fechar na casa dos 20%. Segundo a economista María Castiglioni, diretora de uma empresa do setor, essa inflação é resultado de “uma correção generalizada dos preços”, incluindo gasolina.

Além disso, o JPMorgan prevê um aumento acumulado de preços de 60% em dezembro e janeiro. Alimentos e bebidas lideraram todos os aumentos de preços em novembro, seguidos por roupas e despesas com alimentação.

Para enfrentar a crise econômica, o ministro da Economia de Milei, Luis Caputo, anunciou um pacote de medidas para cortar os gastos em um equivalente a 2,9% do PIB, a fim de alcançar o equilíbrio fiscal no próximo ano, incluindo o fim de subsídios cruciais para manter os preços da energia e do transporte. O novo governo reconhece que as medidas serão recessivas, mas promete que serão a última amargura que os argentinos terão que suportar para corrigir a má gestão econômica do governo anterior.

Milei preparou os argentinos para os tempos difíceis que se aproximam em um discurso sombrio durante sua posse, alertando que, se medidas drásticas não forem tomadas agora, a Argentina pode ver uma inflação anual de 15.000%. O banco central argentino manteve nesta quarta-feira a taxa de referência Leliq em 133% e reduziu a taxa de juros dos acordos de recompra para um dia de 126% para 100%.

A situação econômica da Argentina é incerta, e o novo governo enfrenta o desafio de lidar com a hiperinflação e restaurar a estabilidade econômica no país. Como será a economia argentina nos próximos meses é a pergunta que todos estão fazendo.

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