De acordo com o estudo, na Região Sudeste do Brasil, há 21,7 milhões de pessoas sujeitas a essa tecnologia, enquanto no Nordeste, esse número chega a 14,1 milhões. Além disso, o levantamento indicou que o estado da Bahia é o que mais investiu na ferramenta, gastando cerca de R$ 728 milhões. Já o estado de Goiás concentra o maior número de projetos ativos, totalizando 64, devido à execução da política por parte dos municípios.
A coordenadora do estudo, Thallita Lima, levantou questionamentos sobre a eficiência da tecnologia de reconhecimento facial, bem como a necessidade de sua regulamentação antes de ser tão amplamente utilizada. Ela destacou que a tecnologia está sujeita a falhas no reconhecimento facial, o que pode resultar tanto na não identificação de suspeitos, quanto na criação de suspeitas em relação a pessoas inocentes.
Lima também ressaltou que estudos realizados desde 2018 mostram que as tecnologias de reconhecimento facial são enviesadas e vulnerabilizam principalmente grupos minoritários, como pessoas negras, mulheres negras e pessoas não-binárias. Portanto, a implementação desse tipo de tecnologia em larga escala nas cidades deve ser amplamente refletida.
Além disso, a pesquisadora questionou os altos gastos necessários para a implantação da tecnologia de reconhecimento facial, inclusive em cidades menores que não enfrentam grandes problemas relacionados à violência. Ela destacou a falta de eficiência da tecnologia para modificar a experiência da insegurança nas cidades e os indicadores de segurança pública, levantando dúvidas sobre o real benefício de investir em algo que se sabe que não trará resultados positivos.
Diante do exposto, a pesquisadora destacou a importância de uma reflexão mais aprofundada sobre os riscos e eficácia do uso generalizado da tecnologia de reconhecimento facial nas cidades brasileiras.