Pesquisa da Uerj e UFRJ mostra que estratégias baseadas na natureza podem reduzir risco de enchentes no Rio de Janeiro.

Recentemente, uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que as estratégias de soluções baseadas na natureza (SbN) propostas pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) têm o potencial de reduzir o risco de enchentes no estado do Rio de Janeiro, aumentando em até 57% a quantidade de água absorvida. De acordo com o estudo, isso permitiria reter quase 200 milhões de metros cúbicos de chuva no solo.

A expressão SbN foi inicialmente proposta pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN) como estratégias que poderiam resolver problemas relacionados a enchentes, utilizando a proteção e recuperação de áreas naturais.

Os resultados apontam que a regeneração da vegetação no estado do Rio de Janeiro pode reduzir significativamente o risco de enchentes em um futuro marcado por mudanças climáticas incertas. As mudanças climáticas, além do aumento considerável na temperatura do planeta, deverão aumentar a frequência e a intensidade de eventos extremos de precipitação, resultando em um aumento nas enchentes.

As pesquisadoras Aliny Pires, professora do Departamento de Ecologia e coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação de Ecossistemas, do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e Stella Manes e Mariana Vale, da UFRJ, foram as responsáveis pelo estudo. Elas avaliaram os riscos com base na impermeabilidade à precipitação e o papel da vegetação natural no aumento da permeabilidade à água da chuva no solo, o que diminui o escoamento superficial, um dos principais fatores responsáveis pelas enchentes.

A professora Aliny explicou que o modelo desenvolvido no estudo utiliza saídas de restauração e regeneração natural propostas pelo Instituto para tentar averiguar a resposta em termos de controle de inundação, assim como a viabilidade de execução financeira e técnica desses cenários previstos. De acordo com a pesquisadora, o projeto tem como objetivo identificar áreas prioritárias do estado para restauração, funcionando como instrumento de orientação para ações futuras.

A estratégia de regeneração natural é vista como uma alternativa barata, consistindo em propiciar as condições para que a natureza se recupere a partir de processos ecológicos. Aliny destaca que essa estratégia é viável, principalmente próximo a áreas conservadas, permitindo que sua biodiversidade contribua com a propagação de sementes.

As soluções baseadas na natureza propostas pela UICNU têm se destacado na discussão sobre meio ambiente pelo potencial de conservação da biodiversidade e por proporcionar benefícios sociais, econômicos e ambientais. Além disso, a estratégia também pode auxiliar na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, através da retirada de carbono da atmosfera com o aumento de áreas reflorestadas. Este promissor estudo reforça a importância da proteção e recuperação das áreas naturais como forma de lidar com o crescente problema das enchentes e seus efeitos adversos.

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